Leite materno

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Um bebê se alimentando do leite materno

Leite materno se refere ao leite produzido pela mulher e é utilizado para alimentar seu bebê por meio do aleitamento materno. É ele a primeira e principal fonte de nutrição dos recém-nascidos até que se tornem aptos a comer e digerir os alimentos sólidos.

Duas amostras de leite materno humano, sucessivas e da mesma mulher, para ilustrar a aparência do leite materno e como o leite materno pode variar. A amostra à esquerda é o primeiro leite, proveniente de um úbere cheio. Possui maior teor de água e menor teor de gordura para matar a sede. A amostra à direita é o segundo leite, proveniente de um úbere quase vazio, com menor teor de água e maior teor de gordura para saciar a fome.[1].

Importância[editar | editar código-fonte]

O leite materno é fundamental para a saúde das crianças nos seis primeiros meses de vida, por ser um alimento completo, fornecendo nutrientes em quantidade adequada (carboidratos, proteínas e gorduras), componentes para hidratação (água) e fatores de desenvolvimento e proteção como anticorpos, leucócitos (glóbulos brancos), macrófago, laxantes, lipase, lisozimas, fibronectinas, ácidos graxos, gama-interferon, neutrófilos, fator bífido e outros contra infecções comuns da infância, isento de contaminação e perfeitamente adaptado ao metabolismo da criança. Já foi demonstrado que a complementação do leite materno com água ou chás é desnecessária, inclusive em dias secos e quentes. Recém-nascidos normais nascem suficientemente hidratados para não necessitar de líquidos, além do leite materno, apesar da pouca ingestão de colostro nos dois ou três primeiros dias de vida.

O leite humano, em virtude das suas propriedades anti-infecciosas, protege as crianças contra infecções desde os primeiros dias de vida. Além de diminuir o número de episódios de diarreia, encurta o período da doença quando ela ocorre e diminui o risco de desidratação.

O leite humano é fonte completa de nutrientes para o lactente amamentado exclusivamente no seio até os seis meses de vida. A composição química do leite materno atende também às condições particulares de digestão e do metabolismo neste período de vida do recém nascido.

Vários são os fatores que podem determinar variações na composição do leite materno, como: estágio de lactação, parto prematuro, tempo de gestação, esvaziamento da mama, hora e intervalo entre as mamadas, grau de pressão utilizado para extrair o leite, método e horário de coleta das amostras, técnicas de análise laboratorial, intervalo entre as gestações e a ingestão de álcool ou drogas.

Componentes[editar | editar código-fonte]

O leite humano fornece em torno de 70 Kcal/100ml. Os lipídios fornecem 51% da energia total do leite, carboidratos 43 % e proteína 6%. Os lipídios além de fornecerem energia, também apresentam importantes papéis fisiológicos e estruturais, além de ser o veículo para entrada das vitaminas lipossolúveis do leite.

Lactose é o carboidrato predominante do leite. A presença de lactose no leite humano auxilia a proliferação dos Lactobacillus bifidus que por inibir o crescimento de micro-organismos gram-negativos impede o aparecimento de infecções intestinais.

O leite humano é o que contém o menor teor de proteínas, sendo o teor maior no colostro – primeira secreção da glândula mamária (15,8g/l). As proteínas do leite são divididas em caseína e proteínas do soro. A maior quantidade de proteínas do leite de vaca (82%) está na forma de caseína, enquanto que no leite humano maduro o teor de caseína não ultrapassa 25% das proteínas totais. A caseína é uma proteína importante como provedora de aminoácidos livres ao lactente, além de cálcio e fósforo que são constituintes de suas micelas. Já as proteínas do soro do leite (lactoalbumina, lactoferrina, imunoglobulinas), são essenciais para a proteção do recém nascido.

A maioria das vitaminas está presente em quantidades adequadas no leite humano. Apesar de o leite de vaca conter algumas vitaminas em quantidades superiores ao leite materno, o aquecimento, a exposição à luz e ao ar inativam e destroem a maioria delas.

O teor de eletrólitos do leite de vaca é três a quatro vezes superior ao do leite materno e, associado ao alto teor de proteínas, pode provocar uma sobrecarga renal que pode levar à retenção de sódio, hiperosmolaridade e aumento da sensação de sede. Esta sede pode ser interpretada como fome, e mais leite é oferecido à criança.

O ferro está presente em concentrações semelhantes no leite humano e no leite de vaca, porém apresenta melhor disponibilidade no primeiro. A lactoferrina, proteína que se liga ao ferro no leite humano, reduz a quantidade de ferro livre, inibindo a multiplicação bacteriana.

Composição bacteriana do leite materno[editar | editar código-fonte]

No início do séc XIX, foi demonstrada a presença no leite materno, de bactérias acido-lacteas (BALs), representadas maioritariamente pelos géneros Bifidobacterium, Enterococcus, Lactobacillus, Lactococcus, Staphylococcus e Streptococcus. Contrariamente ao que se acreditava, estas bactérias não resultam de contaminações e têm origem no lúmen intestinal materno, de onde são transportadas até às glândulas mamárias através de células dendríticas. Fatores como o peso corporal da mãe, o tipo de parto e o período de lactação, e estado de saúde materna têm impacto na composição bacteriana do leite materno. Vários estudos indicam a possibilidade de isolamento das bactérias do leite materno e a sua administração sob a forma de probióticos, em situações onde a amamentação não é aconselhável, com potencial aplicação para o tratamento e prevenção de doenças infecciosas.[2][3]

Composição do leite materno (100ml)[editar | editar código-fonte]

  • Energia - 70 kcal
  • Proteína - 1,1 g
  • Caseína:albumina - 40:60
  • Lipídios - 4,2g
  • Carboidrato - 7g
  • Vitamina A - 190 mcg
  • Vitamina D - 2,2 mcg
  • Vitamina E - 0,18 mg
  • Vitamina K - 1,5 mcg
  • Vitamina C - 4,3 mg
  • Tiamina - 16 mcg
  • Riboflavina - 36 mcg
  • Niacina - 147 mcg
  • Piridoxina - 10 mcg
  • Folato - 5,2 mcg
  • Vitamina B12 - 0,03 mcg
  • Cálcio - 34 mg
  • Fósforo - 14 mg
  • Ferro - 0,05 mg
  • Zinco - 0,3 mg
  • Água - 87,1 ml
  • Sódio - 0,7 mEq
  • Cloro - 1,1 mEq
  • Potássio - 1,3 mEq

Dieta e sabor[editar | editar código-fonte]

O leite materno reflete diretamente os sabores dos alimentos ingeridos pela mãe, tais como alho, hortelã, álcool, baunilha entre outros[carece de fontes?].

A exposição a estes fatores parece ser um fator determinante na aceitação de alimentos após o desmame, levando a criança a preferir os sabores já conhecidos[carece de fontes?].

O leite materno tem o objetivo de manter a criança saudável e bem alimentada para o seu bom desenvolvimento.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  1. Jacqueline Gassier, Colette de Saint-Sauveur, Bertrand Chevallier, Elisa Guises L'allaitement maternel, Les variations de la composition du lait de la femme, Le guide de la puéricultrice, 2008, p. 444, em Francês
  2. Morrow. «Global Composition of Human Milk: Nutrients and Bioactive Factors». Elsevier - Health Sciences Division. ISBN 9780323485616, 0323485618 Verifique |isbn= (ajuda) 
  3. Delgado S, Fernández L, Garcıa N, Albu ́jar M, Go ́mez A, et al. Assessment of the bacterial diversity of human colostrum and screening of staphylococcal and enterococcal populations for potential virulence factors, Res. Microbiol, 2008, páginas 159, 595-601