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Reino de Jerusalém

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Regnum Hierosolimitanum, Roiaume de Jherusalem, Regno di Gerusalemme, Βασίλειον τたうνにゅー Ἱεροσολύμων
Reino de Jerusalém

Monarquia


1099-1291
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Jerusalém
Localização de Jerusalém
Mapa político do Próximo Oriente em 1135 com os estados cruzados.
Continente Ásia
País Atuais Israel,
Faixa de Gaza, Cisjordânia,
parte de Egito (Sinai),
parte da Jordânia
Capital Jerusalém (1099–1187)
Tiro (1187–1191)
Acre (1191–1229)
Jerusalém (1229–1244)
Acre (1244–1291)
Língua oficial Francês, grego, árabe, italiano, latim(ceremonial)
Religião Oficial Catolicismo Romano, Judaísmo
Governo Monarquia
Rei de Jerusalém
 • 1100-1118 Balduíno I de Jerusalém
 • 1118-1131 Balduíno II de Jerusalém
 • 1131-1152 Melisenda de Jerusalém
 • 1143-1152-1162 Balduíno III de Jerusalém
 • 1162-1174 Amalrico I de Jerusalém
Período histórico Idade Média
 • 1099 conquista pelos cruzados
 • 1291 Dissolução

O Reino de Jerusalém ou Reino Latino de Jerusalém, como também era designado, foi um Estado cruzado criado no Levante em 1099 pela Primeira Cruzada. Teve a sua capital em Jerusalém e mais tarde em Acre. Foi extinto em 1291, com a queda desta última cidade.[1]

Fundação e história remota

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O reino surgiu após a captura de Jerusalém pelos cruzados em 1099, o ponto alto da Primeira Cruzada. Godofredo de Bulhão, um dos líderes, tornou-se o seu primeiro monarca, mas preferiu adotar o título de Advocatus Sancti Sepulchri ("Defensor do Santo Sepulcro") no lugar do de rei, ao argumento de que nenhum homem deveria envergar uma coroa onde Jesus havia usado a coroa de espinhos. Godofredo morreu no ano seguinte e seu irmão e sucessor, Balduíno I, foi coroado rei de Jerusalém.

Balduíno expandiu o reino, capturando as cidades portuárias de Acre, Sídon e Beirute, e exerceu a sua suserania sobre outros estados cruzados ao norte - o Condado de Edessa (que ele havia fundado), o Principado de Antioquia e o Condado de Trípoli. A população de origem europeia ocidental aumentou, com os reforços recebidos da Cruzada de 1101; um patriarca latino foi instalado em Jerusalém. As cidades-Estado de Veneza, Pisa e Gênova começaram a envolver-se nos assuntos do reino, quando suas frotas passaram a apoiar a captura de portos, onde foram autorizadas a formar distritos comerciais autônomos.[2]

Balduíno morreu em 1118, sem deixar herdeiros, e sucedeu-lhe seu primo, Balduíno de Burgo, Conde de Edessa. Este também foi um dirigente capaz e, embora tivesse sido feito prisioneiro pelos turcos várias vezes, as fronteiras do reino continuaram a expandir-se, com a captura da cidade de Tiro em 1124.

Vida cotidiana

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Aos poucos, os habitantes de origem europeia começaram a adotar modos orientais, aprendendo o grego e o árabe.

O reino baseava-se no sistema feudal, à semelhança da Europa à época, embora com diferenças: o modo de produção agrícola continuou a ter muçulmanos ou cristãos ortodoxos à frente, os quais se reportavam nominalmente aos nobres latinos donos das terras. Estes, porém, preferiam permanecer nos centros urbanos, em geral, e em Jerusalém, em particular. As comunidades agrícolas eram, portanto, relativamente autônomas e não deviam serviço militar (ao contrário do que ocorria com os vassalos na Europa). Com isso, os exércitos cruzados costumavam ser pequenos e recrutados dentre famílias francesas nas cidades.

O caráter urbano da região e a presença de mercadores italianos fizeram surgir uma economia mais comercial do que agrícola. A Palestina sempre fora um entreposto comercial e, agora, incluía rotas europeias.[3]

Como a nobreza preferia residir em Jerusalém (e não nas suas respectivas terras), exercia uma influência grande sobre o rei e formavam a chamada Haute Cour ("alta corte", em francês), uma forma primitiva de parlamento. Dentre as responsabilidades da corte, destacavam-se a confirmação da eleição de um rei, questões financeiras e o recrutamento de exércitos.

O problema da falta de soldados para o exército foi amenizado com a criação das ordens militares. Os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros Hospitalários formaram-se nos primeiros anos do reino. Embora seus quartéis-generais estivessem em Jerusalém, mantinham guarnecidos vastos castelos e adquiriam terras que outros nobres não pudessem mais manter. As ordens militares estavam sob controle direto do papa, não do rei: eram basicamente autônomas e não deviam, em tese, nenhum tipo de serviço militar ao reino, embora na prática participassem de todas as grandes batalhas.[4]

Para a administração da justiça, existia a Suprema Corte de Jerusalém, que originalmente deveria ter jurisdição sobre os grandes senhores, mas gradualmente se tornou o Conselho de Estado do rei lidando com todos os assuntos políticos e seus poderes foram estendidos aos senhores menores. Os tribunais senhoriais em outros lugares eram regidos pelos costumes dessa Suprema Corte.[5]

Meados do século XII

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Em 1131, Balduíno II foi sucedido por sua filha, Melisenda, que reinou juntamente com o marido, Fulque. Durante seu reinado, Jerusalém conheceu o auge da expansão econômica e artística. Fulque, um renomado comandante militar, logrou conter a ameaça representada pelo bei de Mossul, Zengui. Mas a sua morte acidental em 1143 permitiu a Zengui tomar Edessa. Melisende, agora regente em nome de seu primogênito Balduíno III, nomeou Manassés de Hierges como condestável; em 1147 chegariam as tropas da Segunda Cruzada.[6]

Balduíno III depôs a sua mãe em 1153 mas restaurou-a no papel de regente no ano seguinte. Também no mesmo ano, Balduíno logrou conquistar Ascalão aos fatímidas. Por outro lado, Noradine unificou a Síria muçulmana ao tomar Damasco, agravando a ameaça contra os cruzados.

Balduíno III morreu em 1162 e sucedeu-lhe seu irmão, Amalrico I, cujo reinado foi dedicado a disputar o controle do Egito contra Noradine e Saladino. Apesar do apoio do imperador bizantino, Manuel I Comneno, Amalrico não conseguiu o seu intento; sua morte e a de Noradine fortaleceram a posição de Saladino.[7]

A queda de Jerusalém

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Ver artigo principal: Cerco de Jerusalém (1187)

Sucedeu a Amalrico I seu filho adolescente, Balduíno IV, que sofria de lepra. O reinado deste último assistiu à formação de facções que apoiavam Raimundo III de Trípoli (o "partido dos nobres", que reunia os barões nativos) ou o cunhado incompetente do rei, Guido de Lusignan (o "partido da corte", apoiado pela família real).

Balduíno morreu em 1185 e sucedeu-lhe seu sobrinho menor, Balduíno V, filho de sua irmã Sibila. Balduíno V morreu menos de um ano depois e sua mãe assumiu o trono, juntamente com seu marido Guido de Lusignan. Este revelou-se um governante desastrado.

Durante um tratado de paz firmado com o sultão Saladino, Seu aliado Reinaldo de Châtillon, senhor da Transjordânia e do Castelo de Queraque, atacou uma caravana muçulmana que atravessava a Transjordânia em seu caminho do Cairo para Damasco, embora a alegação popular de que esse episódio efetivamente desencadeou a guerra, a verdade é que Saladino quase com certeza se recusaria a renovar a trégua naquele ano. Em 1187 Saladino invadiu o reino de Jerusalém com um enorme exército de aproximadamente 12 mil soldados profissionais de cavalaria e cerca de 30 mil voluntários na infantaria. O exército do reino cristão foi aniquilado na Batalha de Hatim, embora em números muito menores, o massacre se deu muito por consequência das sucessivas falhas do rei em mover seu exército. Nos meses e anos seguintes, Saladino avançou sobre todo o reino, exceto pelo porto de Tiro, bem defendido por Conrado de Monferrato.

A cidade sagrada de Jerusalém foi tomada por Saladino em 2 de outubro de 1187, após 9 dias de cerco e de um acordo de rendição com os latinos liderados por Balian de Ibelin.

A queda de Jerusalém comoveu a Europa e resultou na Terceira Cruzada. Graças aos esforços de Ricardo Coração de Leão, a maior parte das cidades costeiras da Síria, especialmente Acre, foi recuperada e o Tratado de Ramla foi assinado com Saladino após a Batalha de Arçufe. Conrado de Monferrato casou-se com Isabel, filha de Amalrico I, e foi feito rei, mas logo foi morto por assassinos nizaritas. Isabel casou-se então com Henrique II de Champanhe.

Os últimos anos

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Nos cem anos seguintes, o Reino de Jerusalém resignou-se a ser um pequeno estado ao longo da costa da Síria. Sua capital passou a ser Acre e seu território incluía poucas cidades de monta (Beirute, Tiro). Uma Quarta Cruzada foi organizada após o fracasso da terceira, mas resultou apenas no saque de Constantinopla, em 1204.

Em 1205, a menor Maria de Monferrato, filha de Conrado e Isabel, tornou-se rainha, e casou-se em seguida com João I de Brienne, que logrou manter o reino a salvo. A Quinta Cruzada de 1217, contra Damieta, no Egito, fracassou. Em 1229, o imperador Frederico II, que era rei de Jerusalém devido ao seu casamento com a herdeira, recuperou a cidade por meio de tratado com o sultão aiúbida Camil (Sexta Cruzada). Em 1244, os cristãos perdiam novamente a cidade.

No período de 1229 a 1268, o rei residiu na Europa. Os reis se faziam representar por regentes. O título foi herdado por Conrado IV, Rei dos Romanos, filho de Frederico II e Isabel II de Jerusalém, e posteriormente por seu filho Conradino da Germânia.

Ao longo do século XIII, os mamelucos tomaram aos poucos os territórios do reino, até a queda de Acre, em 1291. O título de rei de Jerusalém foi então reivindicado pelos reis de Chipre e, até hoje, por diversos monarcas europeus.

Cronologia da monarquia na Jerusalém latina

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Referências

  1. «Kingdom of Jerusalem». Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 10 de Janeiro de 2016 
  2. Prawer 1998, p. 89.
  3. Bordonove 1998, p. 60-65.
  4. Prawer 1998, p. 131.
  5. John L., La Monte (1932). Feudal Monarchy in the Latin Kingdom of Jerusalem, 1100 to 1291 (em inglês). Nova Iorque: Mediaeval academy of America. p. 87 
  6. Bordonove 1998, p. 120.
  7. Bordonove 1998, p. 130.