Sinal dos tempos: as colunas dos ricos, chiques e famosos enchem-se de fotos de eventos em que advogados, promotores e juristas de diferentes envergaduras festejam, sorridentes, o feliz desígnio de serem as estrelas do momento.
Bebericam seu uisquinho e, eventualmente, sem pudor, um champã de boa cepa, em vernissages, coquetéis, jantares de gala e, sobretudo, lançamentos de livros aptos, segundo os solícitos colunistas, a decifrarem para os menos aquinhoados pela inteligência o supremo saber contido nos compêndios de leis e de jurisprudência.
Confesso que os prefiro, os senhores da magistratura, os heróis do Judiciário, na imponência de suas togas, as quais ocultam convenientemente a silhueta rotunda de quem aufere salários pra lá de polpudos – e chantageia, com carranca sinistra, quem ameaça lhe cortar as gordas mordomias.
Mas os eventos sociais revelam também jovens promissores da corporação, com aquela barba hype de cinco dias e gravatas que lembram aquelas, espantosas, que os publicitários envergavam nos anos do seriado Mad Men.
Nessas situações, até se comportam como se fossem meros seres humanos – e não enviados especiais da Providência.
Às vezes, deparo com uma ou outra menção a grupos de advogados e até mesmo do Ministério Público – o que é bastante surpreendente, pelo que o MP anda
fazendo – que trazem no nome o aposto “pela democracia”.
Merecem respeito. Se há quem, na casta judicial, tenha de anunciar que é a favor da democracia, é porque o resto não é. Decididamente, não.
O Judiciário brasileiro tem uma velha tradição a zelar no que diz respeito à blindagem do status quo e à implantação de regimes de exceção.
O comportamento arbitrário, politicamente orientado, parcial, truculento do Judiciário brasileiro, do mais baixo juizeco aos marajás do Supremo Tribunal, repete esse triste e histórico papel.
Sem falar do narcisismo exibicionista com que juízes e procuradores se banham hoje à luz dos holofotes midiáticos.
Eles estão se esbaldando com os 15 minutos de fama. Perderam a compostura. Um brinde à futilidade dessa gente.