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Anomalia de Ebstein: diferenças entre revisões

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{{Info/Patologia |
{{Em tradução|data=Outubro de 2009}}
Nome = Anomalia de Ebstein |
A '''anomalia de Ebstein''' é uma cardiopatia congênita, caracterizada por uma malformação da [[válvula tricúspide]] — cuja abertura é deslocada em direção ao ápice do [[ventrículo direito]] —, o que causa uma ''atrialização'' do mesmo. Tem como resultados aparentes desde a fadiga até um quadro de [[insuficiência cardíaca congestiva]].
Imagem = Ebstein4.jpg|
Legenda = Pathological specimen and ultrasound image of a heart with Ebstein anomaly. Abbreviations: RA: Right atrium; ARV: Atrialized right ventricle; FRV: Functional right ventricle; AL: Anterior leaflet; SL: Septal leaflet; LA: Left atrium; LV: Left ventricle; asterisk: grade II tethering of the tricuspid septal leaflet.|
DiseasesDB = 4039 |
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}}

A '''Anomalia de Ebstein''' consiste em um defeito cardíaco congênito raro causado por uma malformação nos folhetos posterior e septal da válvula tricúspide. Essa válvula tem como função separar as câmaras do lado direito do coração, apresentando três componentes que se abrem a fim de possibilitar a passagem do sangue entre elas. Nesse momento, a válvula deve se fechar impedindo o retorno sanguíneo, porém, com essa anomalia, seus folhetos são aderidos à parede do ventrículo direito, causando o escape do sangue para o átrio, e, consequentemente, um grande represamento do fluxo e dilatação cardíaca. . Ela apresenta uma evolução clínica mais lenta, com suas possíveis repercussões ocorrendo apenas na vida adulta. <ref>{{Citar periódico|ultimo=Makar|primeiro=A. B.|ultimo2=McMartin|primeiro2=K. E.|ultimo3=Palese|primeiro3=M.|ultimo4=Tephly|primeiro4=T. R.|data=1975-6|titulo=Formate assay in body fluids: application in methanol poisoning|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1|jornal=Biochemical Medicine|volume=13|numero=2|paginas=117–126|doi=10.1016/0006-2944(75)90147-7|issn=0006-2944|pmid=1}}</ref>


== Fatores de risco ==
== Fatores de risco ==
Pode haver um risco aumentado da incidência dessa malformação em filhos de mães que ingeriram [[Carbonato de lítio|lítio]] farmacológico durante o primeiro trimestre da gravidez e naquelas portadoras da [[síndrome de Wolff-Parkinson-White]].
Um estudo indicou que pode haver um risco aumentado da incidência dessa malformação em filhos de mães que ingeriram [[Carbonato de lítio|lítio]] farmacológico durante o primeiro trimestre da gravidez e naquelas portadoras da [[síndrome de Wolff-Parkinson-White]]. Porém outro estudo questiona esse achado.<ref>Yacobi S, Ornoy A (2008). "Is lithium a real teratogen? What can we conclude from the prospective versus retrospective studies? A review". Isr J Psychiatry Relat Sci 45 (2): 95–106. PMID 18982835.</ref>


== História ==
== Diagnóstico ==
O Diagnóstico é feito pela ecocardiografia, onde demonstra conexão atrioventricular concordante, importante aumento do átrio direito, valva tricúspide displásica implantada caudalmente , com regurgitação sistólica massiva para a porção atrializada do ventrículo direito e para o átrio direito gigante. O ventrículo direito fica de tamanho reduzido, por diminuição de sua via de entrada atrializada. O tronco e os ramos da artéria pulmonar são confluentes, de calibre diminuído, com valva imóvel e fluxo retrógrado pelo canal arterial. O forame oval pequeno, com abaulamento fixo do septo interatrial da direita para a esquerda, com ausência de fluxo bifásico através do mesmo. Pode haver presença de pequeno derrame pericárdico.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Leite|primeiro=Maria de Fátima M. P.|ultimo2=Gianisella|primeiro2=Roberto B.|ultimo3=Zielinsky|primeiro3=Paulo|data=2004-04|titulo=Anomalia de Ebstein detectada in utero e síndrome de Down: diagnóstico pré-natal de uma combinação rara|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0066-782X2004000400011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Arquivos Brasileiros de Cardiologia|lingua=pt|volume=82|numero=4|paginas=390–392|doi=10.1590/S0066-782X2004000400011|issn=0066-782X}}</ref>
A anomalia de Ebstein foi assim nomeada após a publicação de um artigo por [[Ebstein | Wilhelm Ebstein]].<ref>{{WhoNamedIt|synd|435}}</ref><ref>W. Ebstein. Über einen sehr seltenen Fall von Insufficienz der Valvula tricuspidalis, bedingt durch eine angeborene hochgradige Missbildung derselben. Archiv für Anatomie, Physiologie und wissenschaftliche Medicin, Leipzig, 1866, 238-254.</ref> Sobre um caso muito raro de insuficiência dos tricuspidalis VALVULA causou por uma deformidade congénita grave. Arquivo para a anatomia, a fisiologia ea medicina científica, Leipzig, 1866, 238-254.


== Manifestações clinicas ==
As manifestações clinicas depende do grau do defeito anatômico de cada individual, mas, costuma apresentar:


-Dificuldade para respirar, principalmente quando o individuo faz esforço;
<!--
== Presentation ==
The annulus of the valve is still in the normal position. The valve leaflets, however, are to a varying degree, attached to the walls and septum of the right ventricle. There is subsequent 'atrialization' of a portion of the morphologic right ventricle (which is then contiguous with the right atrium). This causes the right atrium to be large and the anatomic right ventricle to be small in size.


- Fadiga;


- Palpitações cardíacas ou ritmos anormais;


-Cianose progressiva (baixo nível de oxigênio);


- Insuficiência cardíaca. <ref>{{Citar periódico|ultimo=Jordán-Ríos|primeiro=Antonio|ultimo2=Magaña-Bailón|primeiro2=Elisa|ultimo3=Martínez-Aguilar|primeiro3=Monserrat|ultimo4=Maury-Ordaz|primeiro4=Sergio|ultimo5=Juárez-Orozco|primeiro5=Luis Eduardo|ultimo6=Jiménez-Niño|primeiro6=Alejandro|ultimo7=Álvarez|primeiro7=Sebastián|ultimo8=Alexánderson-Rosas|primeiro8=Erick|data=2014-06|titulo=Anomalía de Ebstein|url=http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0188-21982014000200003&lng=es&nrm=iso&tlng=es|jornal=Revista mexicana de cardiología|volume=25|numero=2|paginas=82–85|issn=0188-2198}}</ref>[[Ficheiro:EbsteinAnomaly.svg|thumb|199px|right|ligação=Special:FilePath/EbsteinAnomaly.svg]]

== Related abnormalities ==
[[Ficheiro:EbsteinAnomaly.svg|thumb|199px|right]]
While Ebstein's anomaly is defined as the congenital displacement of the tricuspid valve towards the apex of the right ventricle, it is often associated with other abnormalities.

=== Anatomic abnormalities ===
Typically, there are anatomic abnormalities of the tricuspid valve, with enlargement of the anterior leaflet of the valve.

About 50% of individuals with Ebstein's anomaly have an associated shunt between the right and left atria, either an [[atrial septal defect]] or a [[patent foramen ovale]].
-->
== Anormalidades electrofisiológicas ==
== Anormalidades electrofisiológicas ==
Em torno de 50% dos indivíduos com anomalia de Ebstein têm evidência de [[síndrome de Wolff-Parkinson-White]], secundária ao ventrículo direito atrializado.
Em torno de 50% dos indivíduos com anomalia de Ebstein têm evidência de [[síndrome de Wolff-Parkinson-White]], secundária ao ventrículo direito atrializado.


[[Ficheiro:Ebstein's anomaly ECG.png|thumb| ECG 12-derivações de uma mulher com anomalia Ebstein. O ECG mostra sinais de dilatação do átrio direito, melhor observado na derivação V<sub>1</sub>. Outros sinais observáveis são as ondas P alargadas e apiculadas. Também existe um padrão de bloqueio de ramo direito e um bloqueio AV de 1<sup>o</sup>grau (intervalo PR-prolongado) devido ao atraso de condução intra-atrial. Não há evidência de um feixe de Kent nesse paciente. Existe inversão de onda T em V<sub>1-4</sub> e uma onda Q proeminente em D3; essas alterações são características na anomalia de Ebstein e não refletem alterações isquêmicas nesse paciente.]]
[[Ficheiro:Ebstein's anomaly ECG.png|thumb|ECG 12-derivações de uma mulher com anomalia Ebstein. O ECG mostra sinais de dilatação do átrio direito, melhor observado na derivação V<sub>1</sub>. Outros sinais observáveis são as ondas P alargadas e apiculadas. Também existe um padrão de bloqueio de ramo direito e um bloqueio AV de 1<sup>o</sup>grau (intervalo PR-prolongado) devido ao atraso de condução intra-atrial. Não há evidência de um feixe de Kent nesse paciente. Existe inversão de onda T em V<sub>1-4</sub> e uma onda Q proeminente em D3; essas alterações são características na anomalia de Ebstein e não refletem alterações isquêmicas nesse paciente.]]
Outras anormalidades que podem ser vistas no ECG incluem (1) sinais de dilatação do átrio direito, ou ondas P espiculadas e alargadas(ondas P 'Himalayan'); (2) [[bloqueio atrioventricular do primeiro grau]] que se manifesta como um intervalo P-R prolongado; (3) complexos QRS de baixa amplitude nas derivações precordiais direitas; (4) [[bloqueio do ramo direito]] atípico; (5) inversão de onda T em V<sub>1-V4</sub> e ondas Q em V<sub>1-V4</sub> e D2, D3 e aVF.<ref name="pmid18056539">{{cite journal |author=Khairy P, Marelli AJ |title=Clinical use of electrocardiography in adults with congenital heart disease |journal=Circulation |volume=116 |issue=23 |pages=2734–46 |year=2007 |month=December |pmid=18056539 |doi=10.1161/CIRCULATIONAHA.107.691568 |url=http://circ.ahajournals.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=18056539}}</ref>
Outras anormalidades que podem ser vistas no ECG incluem (1) sinais de dilatação do átrio direito, ou ondas P espiculadas e alargadas(ondas P 'Himalayan'); (2) [[Bloqueio atrioventricular de primeiro grau]] que se manifesta como um intervalo P-R prolongado; (3) complexos QRS de baixa amplitude nas derivações precordiais direitas; (4) [[bloqueio do ramo direito]] atípico; (5) inversão de onda T em V<sub>1-V4</sub> e ondas Q em V<sub>1-V4</sub> e D2, D3 e aVF.<ref name="pmid18056539">{{citar periódico|autor =Khairy P, Marelli AJ |título=Clinical use of electrocardiography in adults with congenital heart disease |periódico=Circulation |volume=116 |número=23 |páginas=2734–46 |data=dezembro de 2007 |pmid=18056539 |doi=10.1161/CIRCULATIONAHA.107.691568 |url=http://circ.ahajournals.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=18056539}}</ref>


== Tratamento ==
== Tratamento ==
O tratamento para anomalia de Ebstein, é tentar diminuir os sintomas de hipoxemia e da congestão venosa sistêmica. Para tentar eliminar os motivos responsáveis por sua manutenção, como a hipertensão arterial pulmonar, a prostaglandina E1 é indicada a fim de aumentar o fluxo pulmonar pela vasodilatação arterial pulmonar, com isso pode haver, a diminuição da insuficiência tricúspide assim como a do desvio de sangue pela comunicação interatrial, da direita para esquerda. Ao lado de medidas gerais, como oxigenação adequada e de drogas vasoativas, como dobutamina e/ou dopamina, pode haver reversão do quadro alarmante que se expressa precocemente. Cerca da metade dos pacientes que não se apresentem com defeitos associados manifestam melhora. <ref>{{Citar periódico|ultimo=Jorge|primeiro=Jaci Custódio|ultimo2=Pires|primeiro2=Bruno Lucena de Souza|ultimo3=Rodrigues|primeiro3=Flávio Augusto Lopes|titulo=Anomalia de Ebstein: relato de caso|url=http://rmmg.org/artigo/detalhes/727|volume=22|numero=0|paginas=29–33}}</ref>Mas, pode ser necessária em alguns casos a cirurgia para a anomalia de Ebstein que consiste na substituição ou reconstrução plástica da valva tricúspide. As indicações de cirurgia incluem um ou mais dos seguintes situações:
=== Farmacológico ===

A fisiopatologia da cardiopatia da anomalia de Ebstein tipicamente se apresenta como uma taquicardia átrio-ventricular reentrante, associada a uma pré-excitação. Nesse aspecto, o agente farmacológico preferido para o tratamento é a [[procainamida]]. Uma vez que o bloqueio átrio-ventricular pode promover condução anômala, na via accessória, drogas como [[betabloqueadores]], [[bloqueadores dos canais de cálcio]] e [[digoxina]] são contra-indicados.
1. Sintomas de dispnéia ou de insuficiência cardíaca direita;

2. Intolerância progressiva ao exercício;

3. Taquiarritmias não controladas com medicações ou amenizadas com intervenção com cateter;

4. Lesões associadas significativas, incluindo defeito do septo atrial e ventricular, ou estenose pulmonar.

Existem algumas situações de risco que podem piorar resultado cirúrgico incluindo a disfunção sistólica de ventrículo direito e/ou esquerdo, os valores aumentados de hemoglobina/hematócrito, o sexo masculino, obstrução da via de saída do ventrículo direito ou artérias pulmonares hipoplásticas.Morbidade e mortalidade estão relacionadas com o grau de regurgitação ou de estenose da valva tricúspide; o tamanho, espessura e função do ventrículo direito; a presença ou ausência de um defeito do septo.
<ref>{{Citar periódico|ultimo=OBrien|primeiro=Patrick|ultimo2=Arlitsch|primeiro2=Kenning|ultimo3=Sterman|primeiro3=Leila|ultimo4=Mixter|primeiro4=Jeff|ultimo5=Wheeler|primeiro5=Jonathan|ultimo6=Borda|primeiro6=Susan|data=2016|titulo=Data set supporting study on Undercounting File Downloads from Institutional Repositories [dataset]|url=http://dx.doi.org/10.15788/m2z59n}}</ref>

== Relato Clinico ==
Paciente informa ao seu médico que apresentou mais de 3 episódios de taquicardias paroxísticas com uma durabilidade de até 20 minutos, acompanhadas de dor precordial nos últimos 7 anos, todas com reversão espontânea. Há 4 anos apresentou outra taquicardia, esta com sinais de baixo débito como palidez, turvação visual, extremidades frias e confusão mental, na qual precisou de reversão elétrica. Nessa momento, realizada ablação de foco de taquicardia ventricular na via de entrada do ventrículo direito (VD) e de via acessória posterior direita, com êxito. O diagnóstico de anomalia de Ebstein foi realizado pela primeira vez através de estudo ecocardiográfico, nesta ocasião. Manteve-se sem nenhum sintomas a parti daquele momento, com vida normal e sem medicação.


Exame físico: Bom estado geral, eupneico, acianótico, pulsos normais nos 4 membros. Peso: 80 Kg, Alt.: 180 cm, PAMSD: 110 x 70 mmHg, FC: 70 bpm, Sat O<sub>2</sub> = 94%.
Se existir [[fibrilação atrial]] com pré-excitação, as opções de tratamento incluem [[procainamida]], [[flecainida]] ou [[propafenona]], uma vez que esses fármacos retardam a condução na via acessória e devem ser usadas antes mesmo de se fazer a cardioversão elétrica. [[Amiodarona]] por via intravenosa também pode reverter a fibrilação atrial e/ou diminuir a resposta ventricular.


Precórdio: ''Ictus cordis'' não palpado, sem impulsões sistólicas. Bulhas cardíacas normofonéticas, estando a segunda bulha desdobrada inconstante. Havia vibrações sistólicas discretas em borda esternal esquerda baixa. Fígado não palpado e pulmões limpos. <ref>{{Citar periódico|ultimo=Atik|primeiro=Edmar|ultimo2=Binotto|primeiro2=Maria Angélica|ultimo3=Barreto|primeiro3=Alessandra Costa|ultimo4=Atik|primeiro4=Edmar|ultimo5=Binotto|primeiro5=Maria Angélica|ultimo6=Barreto|primeiro6=Alessandra Costa|data=2019-09|titulo=Caso 5/2019 - Anomalia de Ebstein de Discreta Repercussão, em Evolução Natural, em Adulto Assintomático com 24 Anos de Idade|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0066-782X2019000900435&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Arquivos Brasileiros de Cardiologia|lingua=pt|volume=113|numero=3|paginas=435–437|doi=10.5935/abc.20190158|issn=0066-782X}}</ref>{{Referências}}
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Edição atual tal como às 23h08min de 24 de novembro de 2019

Anomalia de Ebstein
Anomalia de Ebstein
Pathological specimen and ultrasound image of a heart with Ebstein anomaly. Abbreviations: RA: Right atrium; ARV: Atrialized right ventricle; FRV: Functional right ventricle; AL: Anterior leaflet; SL: Septal leaflet; LA: Left atrium; LV: Left ventricle; asterisk: grade II tethering of the tricuspid septal leaflet.
Especialidade cardiologia
Classificação e recursos externos
CID-10 Q22.5
CID-9 746.2
CID-11 307157712
OMIM 224700
DiseasesDB 4039
MedlinePlus 007321
eMedicine med/627
MeSH D004437
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A Anomalia de Ebstein consiste em um defeito cardíaco congênito raro causado por uma malformação nos folhetos posterior e septal da válvula tricúspide. Essa válvula tem como função separar as câmaras do lado direito do coração, apresentando três componentes que se abrem a fim de possibilitar a passagem do sangue entre elas. Nesse momento, a válvula deve se fechar impedindo o retorno sanguíneo, porém, com essa anomalia, seus folhetos são aderidos à parede do ventrículo direito, causando o escape do sangue para o átrio, e, consequentemente, um grande represamento do fluxo e dilatação cardíaca. . Ela apresenta uma evolução clínica mais lenta, com suas possíveis repercussões ocorrendo apenas na vida adulta. [1]

Fatores de risco[editar | editar código-fonte]

Um estudo indicou que pode haver um risco aumentado da incidência dessa malformação em filhos de mães que ingeriram lítio farmacológico durante o primeiro trimestre da gravidez e naquelas portadoras da síndrome de Wolff-Parkinson-White. Porém outro estudo questiona esse achado.[2]

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

O Diagnóstico é feito pela ecocardiografia, onde demonstra conexão atrioventricular concordante, importante aumento do átrio direito, valva tricúspide displásica implantada caudalmente , com regurgitação sistólica massiva para a porção atrializada do ventrículo direito e para o átrio direito gigante. O ventrículo direito fica de tamanho reduzido, por diminuição de sua via de entrada atrializada. O tronco e os ramos da artéria pulmonar são confluentes, de calibre diminuído, com valva imóvel e fluxo retrógrado pelo canal arterial. O forame oval pequeno, com abaulamento fixo do septo interatrial da direita para a esquerda, com ausência de fluxo bifásico através do mesmo. Pode haver presença de pequeno derrame pericárdico.[3]

Manifestações clinicas[editar | editar código-fonte]

As manifestações clinicas depende do grau do defeito anatômico de cada individual, mas, costuma apresentar:

-Dificuldade para respirar, principalmente quando o individuo faz esforço;

- Fadiga;

- Palpitações cardíacas ou ritmos anormais;

-Cianose progressiva (baixo nível de oxigênio);

- Insuficiência cardíaca. [4]

Ficheiro:EbsteinAnomaly.svg

Anormalidades electrofisiológicas[editar | editar código-fonte]

Em torno de 50% dos indivíduos com anomalia de Ebstein têm evidência de síndrome de Wolff-Parkinson-White, secundária ao ventrículo direito atrializado.

ECG 12-derivações de uma mulher com anomalia Ebstein. O ECG mostra sinais de dilatação do átrio direito, melhor observado na derivação V1. Outros sinais observáveis são as ondas P alargadas e apiculadas. Também existe um padrão de bloqueio de ramo direito e um bloqueio AV de 1ograu (intervalo PR-prolongado) devido ao atraso de condução intra-atrial. Não há evidência de um feixe de Kent nesse paciente. Existe inversão de onda T em V1-4 e uma onda Q proeminente em D3; essas alterações são características na anomalia de Ebstein e não refletem alterações isquêmicas nesse paciente.

Outras anormalidades que podem ser vistas no ECG incluem (1) sinais de dilatação do átrio direito, ou ondas P espiculadas e alargadas(ondas P 'Himalayan'); (2) Bloqueio atrioventricular de primeiro grau que se manifesta como um intervalo P-R prolongado; (3) complexos QRS de baixa amplitude nas derivações precordiais direitas; (4) bloqueio do ramo direito atípico; (5) inversão de onda T em V1-V4 e ondas Q em V1-V4 e D2, D3 e aVF.[5]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

O tratamento para anomalia de Ebstein, é tentar diminuir os sintomas de hipoxemia e da congestão venosa sistêmica. Para tentar eliminar os motivos responsáveis por sua manutenção, como a hipertensão arterial pulmonar, a prostaglandina E1 é indicada a fim de aumentar o fluxo pulmonar pela vasodilatação arterial pulmonar, com isso pode haver, a diminuição da insuficiência tricúspide assim como a do desvio de sangue pela comunicação interatrial, da direita para esquerda. Ao lado de medidas gerais, como oxigenação adequada e de drogas vasoativas, como dobutamina e/ou dopamina, pode haver reversão do quadro alarmante que se expressa precocemente. Cerca da metade dos pacientes que não se apresentem com defeitos associados manifestam melhora. [6]Mas, pode ser necessária em alguns casos a cirurgia para a anomalia de Ebstein que consiste na substituição ou reconstrução plástica da valva tricúspide. As indicações de cirurgia incluem um ou mais dos seguintes situações:

1. Sintomas de dispnéia ou de insuficiência cardíaca direita;

2. Intolerância progressiva ao exercício;

3. Taquiarritmias não controladas com medicações ou amenizadas com intervenção com cateter;

4. Lesões associadas significativas, incluindo defeito do septo atrial e ventricular, ou estenose pulmonar.

Existem algumas situações de risco que podem piorar resultado cirúrgico incluindo a disfunção sistólica de ventrículo direito e/ou esquerdo, os valores aumentados de hemoglobina/hematócrito, o sexo masculino, obstrução da via de saída do ventrículo direito ou artérias pulmonares hipoplásticas.Morbidade e mortalidade estão relacionadas com o grau de regurgitação ou de estenose da valva tricúspide; o tamanho, espessura e função do ventrículo direito; a presença ou ausência de um defeito do septo. [7]

Relato Clinico[editar | editar código-fonte]

Paciente informa ao seu médico que apresentou mais de 3 episódios de taquicardias paroxísticas com uma durabilidade de até 20 minutos, acompanhadas de dor precordial nos últimos 7 anos, todas com reversão espontânea. Há 4 anos apresentou outra taquicardia, esta com sinais de baixo débito como palidez, turvação visual, extremidades frias e confusão mental, na qual precisou de reversão elétrica. Nessa momento, realizada ablação de foco de taquicardia ventricular na via de entrada do ventrículo direito (VD) e de via acessória posterior direita, com êxito. O diagnóstico de anomalia de Ebstein foi realizado pela primeira vez através de estudo ecocardiográfico, nesta ocasião. Manteve-se sem nenhum sintomas a parti daquele momento, com vida normal e sem medicação.

Exame físico: Bom estado geral, eupneico, acianótico, pulsos normais nos 4 membros. Peso: 80 Kg, Alt.: 180 cm, PAMSD: 110 x 70 mmHg, FC: 70 bpm, Sat O2 = 94%.

Precórdio: Ictus cordis não palpado, sem impulsões sistólicas. Bulhas cardíacas normofonéticas, estando a segunda bulha desdobrada inconstante. Havia vibrações sistólicas discretas em borda esternal esquerda baixa. Fígado não palpado e pulmões limpos. [8]

Referências

  1. Makar, A. B.; McMartin, K. E.; Palese, M.; Tephly, T. R. (junho de 1975). «Formate assay in body fluids: application in methanol poisoning». Biochemical Medicine. 13 (2): 117–126. ISSN 0006-2944. PMID 1. doi:10.1016/0006-2944(75)90147-7 
  2. Yacobi S, Ornoy A (2008). "Is lithium a real teratogen? What can we conclude from the prospective versus retrospective studies? A review". Isr J Psychiatry Relat Sci 45 (2): 95–106. PMID 18982835.
  3. Leite, Maria de Fátima M. P.; Gianisella, Roberto B.; Zielinsky, Paulo (abril de 2004). «Anomalia de Ebstein detectada in utero e síndrome de Down: diagnóstico pré-natal de uma combinação rara». Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 82 (4): 390–392. ISSN 0066-782X. doi:10.1590/S0066-782X2004000400011 
  4. Jordán-Ríos, Antonio; Magaña-Bailón, Elisa; Martínez-Aguilar, Monserrat; Maury-Ordaz, Sergio; Juárez-Orozco, Luis Eduardo; Jiménez-Niño, Alejandro; Álvarez, Sebastián; Alexánderson-Rosas, Erick (junho de 2014). «Anomalía de Ebstein». Revista mexicana de cardiología. 25 (2): 82–85. ISSN 0188-2198 
  5. Khairy P, Marelli AJ (dezembro de 2007). «Clinical use of electrocardiography in adults with congenital heart disease». Circulation. 116 (23): 2734–46. PMID 18056539. doi:10.1161/CIRCULATIONAHA.107.691568 
  6. Jorge, Jaci Custódio; Pires, Bruno Lucena de Souza; Rodrigues, Flávio Augusto Lopes. «Anomalia de Ebstein: relato de caso». 22 (0): 29–33 
  7. OBrien, Patrick; Arlitsch, Kenning; Sterman, Leila; Mixter, Jeff; Wheeler, Jonathan; Borda, Susan (2016). «Data set supporting study on Undercounting File Downloads from Institutional Repositories [dataset]» 
  8. Atik, Edmar; Binotto, Maria Angélica; Barreto, Alessandra Costa; Atik, Edmar; Binotto, Maria Angélica; Barreto, Alessandra Costa (setembro de 2019). «Caso 5/2019 - Anomalia de Ebstein de Discreta Repercussão, em Evolução Natural, em Adulto Assintomático com 24 Anos de Idade». Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 113 (3): 435–437. ISSN 0066-782X. doi:10.5935/abc.20190158 
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