Ahosi
As Ahosi (ou Mino) eram guerreiras Fon que formavam um dos regimentos militares do Reino do Daomé (atual Benin) até o final do século XIX. Foram chamadas Amazonas por observadores ocidentais e historiadores, devido à sua semelhança com as míticas guerreiras da antiga Anatólia e do Mar Negro.
Origens
Houegbadja, terceiro rei do Daomé (que governou entre 1645 e 1685), teria dado início ao treinamento militar de mulheres ao formar um grupo de caçadoras de elefantes chamado gbeto [1]. Durante o século XVIII, algumas das esposas reais foram treinadas para atuar com guarda-costas do rei.
Agadja, filho de Houegbadja (rei entre 1708 e 1732) transformou as guarda-costas numa milícia, utilizando-as com sucesso na derrota daomeana contra o vizinho Reino de Savi, em 1727. Comerciantes europeus registraram sua presença, bem como de guerreiras semelhantes entre os Axântis. Nos cem anos seguintes, as Ahosi ganharam reputação de guerreiras destemidas. Embora raramente lutassem, elas geralmente tinham boa desenvoltura no campo de batalha.
O grupo de mulheres guerreiras foi apelidado de Mino - que significa "nossas mães" na língua Fon - pelo exército masculino do Daomé [1]. A partir do reinado do rei Ghezo (1818-1858), o Daomé tornou-se cada vez mais militarista. Ghezo atribuiu grande importância às Ahosi, aumentando seu orçamento e formalizando as suas estruturas. Elas foram rigorosamente treinadas, receberam uniformes e foram equipadas com armas dinamarquesas (obtidas através do tráfico de escravos). Nesta época, o regimento das Ahosi já comportava entre 4.000 e 6.000 mulheres, cerca de um terço de todo o exército do Daomé.
Recrutamento
As Ahosi eram, inicialmente, recrutadas entre as centenas de esposas reais (daí o nome Ahosi, que significa "esposas do rei") [1]. Com o tempo, mulheres comuns da sociedade Fon passaram a alistar-se voluntariamente, ao passo que outras tantas eram recrutadas à força, bastando para isso que seus pais ou maridos reclamassem ao rei sobre seu comportamento. A adesão às fileiras das mulheres guerreiras tinha como principal finalidade a lapidação de qualquer traço de caráter agressivo para os combates. Durante o período de engajamento, as Ahosi não podiam ter filhos nem a rotina de uma mulher casada. Muitas delas eram virgens. O regimento tinha um status semi-sagrado, entrelaçado com a crença Fon nos Vodunsn [1].
Os treinamentos davam ênfase aos intensos exercícios físicos e à disciplina. Ao final deste, elas recebiam o armamento: rifles Winchester, porretes e facas. As unidades também eram comandadas por mulheres. Seus prisioneiros eram frequentemente decapitados [1].
Conflito com a França
A invasão européia na África Ocidental intensificou-se durante a segunda metade do século XIX. Em 1890 o rei Béhanzin começou a combater as forças francesas no decurso da Primeira Guerra Franco-Daomeana. Segundo Holmes [2], muitos dos soldados franceses em combate no Daomé hesitaram antes de abater as Ahosi com tiros ou golpes de baioneta. Esta hesitação resultou em muitas baixas francesas.
No entanto, de acordo com pelo menos duas fontes facilmente identificáveis, o exército francês perdeu várias batalhas contra elas, não por causa da "hesitação" francesa, mas devido à habilidade das mulheres guerreiras no campo de batalha, "em pé de igualdade com todo o corpo contemporâneo de soldados de elite entre as potências coloniais" [1].
Finalmente, reforçados pela Legião Estrangeira e utilizando armamento superior, incluindo metralhadoras, bem como a cavalaria e a infantaria da Marinha, os franceses infligiram baixas dez vezes piores do lado daomeano. Após várias batalhas, o francês poderio prevaleceu. Os legionários escreveriam mais tarde sobre a "incrível coragem e audácia" das Ahosi [1].
A última Ahosi remanescente do Reino do Daomé morreu em 1979.
Referências
Ver também
Nota
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em (erro: código de língua 'dahomey amazons' não reconhecido!) cujo título é «431088653».
Enlaces externos
- The Amazons Historical Museum of Abomey.