Maadi (sítio arqueológico)
Maadi | |
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Localização de Maadi em relação a outros sítios coetâneos do Baixo Egito | |
Localização atual | |
Coordenadas | 29° 58′ 00″ N, 31° 15′ 00″ L |
País | Egito |
Província | Cairo |
Dados históricos | |
ca. 3 800-3 500 a.C. | Idade do Cobre |
Cultura | Maadi-Buto |
Notas | |
Escavações | 1930-1948 Desde meados dos anos 1980 |
Maadi foi um sítio arqueológico do Calcolítico localizado próximo do Cairo, capital do Egito. Foi investigado entre 1930 e 1948, mas nenhuma sequência cronológica coerente foi definida. Desde meados da década de 1980, novas escavações foram feitas na porção oeste do sítio em resposta à progressiva destruição por ocupação moderna.[1]
Localização
[editar | editar código-fonte]Maadi está na margem oeste do Nilo, ao sul do Cairo, a 10 quilômetros ao norte de Omari num cume na entrada do Uádi Ti, o que coloca-a fora do alcance das zonas sujeitas às inundação do rio.[2] Foi um dos maiores sítios escavados do Período Pré-Dinástico do Baixo Egito e dada sua localização teve relevância como comunidade agrícola, artesã e metalúrgica e ponto de ligação no comércio inter-regional entre o Alto Egito e o Oriente Próximo. A ecologia da zona onde o sítio está localizado é rica em fauna e flora oriunda da planície do rio e áreas extensas da hinterlândia desértica. Compreende uma área de 18 hectares e tinha uma população estimada de menos de 1 000 pessoas.[3]
Características
[editar | editar código-fonte]Data do começo do IV milênio a.C. e é contemporâneo a Nacada I-IIB. Foi escavado seletivamente. Sua organização mostra poucos sinais de planejamento urbano e não há indícios da separação de áreas às atividades específicas (econômica, ritual, residencial).[2] Foi tido como os "restos de uma cidade em expansão" [4] e é formado por um sítio principal ligado a um cemitério e um sítio secundário ligado a outro cemitério. Possui cabanas ovais, estruturas em forma de ferradura, casas subterrâneas, estruturas retangulares (talvez currais), lareiras e silos (localizados nas bordas do assentamento).[5] Os edifícios subterrâneos se assemelham aqueles da Cultura de Bersebá.[6]
Ao possuir edifícios de estocagem bem desenvolvidos, propôs-se que era uma sociedade bem-organizada que baseou suas atividades em elaborado sistema de estocagem. Tijolos secos ao Sol e pedras com argamassa foram usadas para erigir os edifícios e a diversidade das formas das estruturas pode indicar diferenciação social;[2] a tecnologia de tijolos pode ter sido inventada no Levante e foi importada ao Egito.[7] Paliçadas e longas valas estreitas formavam parte das defesas da cidade, mas há evidência de que foi saqueada e queimada ao menos uma vez.[8] Não há claros indícios de que Maadi desempenhou atividades metalúrgicas, mas dada sua posição pensa-se que fosse centro de importação, manufatura e disseminação de cobre e objetos de cobre.[9] Buto, no delta, produziu abundante conjunto lítico e cerâmico comparável aos conjuntos de Maadi.[10]
Em Buto, Maadi e Mendes foram achadas cerâmicas fibrosas atípicas.[11] Nos estratos inferiores de Maadi, há betume que provavelmente era oriundo do mar Morto, na Palestina.[12]
De seus restos faunísticos (7595 ao todo), 79,5% eram de animais domesticados, enquanto o restante eram de peixes (10,6%), moluscos (7,5%) e animais selvagens (2,4%).[13] Comparando padrões de outros sítios e com base na análise osteológica dos ossos, concluiu-se que dos animais domésticos os suínos eram aqueles destinados ao consumo da carne, sendo abatidos com menos idade, enquanto os bovinos e ovi-caprinos produziam leite e lã.[14] Dos ossos de animais domésticados (6 038 ao todo), 20,6% são suínos, 38,3 são bovinos e 41,1% são ovi-caprinos.[15] Há alguns exemplos de figurinhas animais encontradas em Maadi, mas ao que parece são diferentes daquelas coetâneas do sul do Levante.[16]
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Vasos levantinos escavados em Maadi
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Ossos de bagre num vaso de Maadi
Referências
- ↑ Wengrow 2006, p. 84.
- ↑ a b c Lloyd 2014, p. 39.
- ↑ Peregrine 2001, p. 159.
- ↑ Hayes 1965, p. 122.
- ↑ Byrnes 2005a.
- ↑ Morkot 2005, p. 92.
- ↑ Moeller 2016, p. 62.
- ↑ Hayes 1965, p. 123.
- ↑ Lloyd 2014, p. 39-40.
- ↑ Midant-Reynes 2000, p. 218.
- ↑ Wilson 2007, p. 26.
- ↑ Sowada 2009, p. 26.
- ↑ Vermeersch 2004, p. 269.
- ↑ Vermeersch 2004, p. 268.
- ↑ Vermeersch 2004, p. 270.
- ↑ Anfinset 2014, p. 101.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Anfinset, Nils (2014). Metal, Nomads and Culture Contact: The Middle East and North Africa. Londres e Nova Iorque: Routledge
- Byrnes, Andie (2005a). «Calcolhithic (Maadi-Buto)»
- Hayes, W. C. (1965). Most Ancient Egypt. Chicago: University of Chicago Press
- Lloyd, Alan B. (2014). Ancient Egypt: State and Society. Oxford: Oxford University Press
- Midant-Reynes, Beatrix (2000). The Prehistory of Egypt: From the First Egyptians to the First Pharaohs. Oxford: Blackwell. ISBN 0-631-21787-8
- Moeller, Nadine (2016). The Archaeology of Urbanism in Ancient Egypt - From the Predynastic Period to the End of the Middle Kingdom. Cambridge: Cambridge University Press
- Morkot, Robert (2005). The Egyptians: An Introduction. Londres e Nova Iorque: Routledge
- Peregrine, Peter N.; Ember, Melvin (2001). Encyclopedia of Prehistory Volume 1: Africa. Nova Iorque: Springer Science+Business Media, LLC
- Sowada, Karin (2009). Egypt in the Eastern Mediterranean During the Old Kingdom: An Archaeological Perspective. Friburgo; Gotinga: Academic Press Fribourg; Vanderhoeck & Ruprecht
- Vermeersch, Pierre M.; Neer, Wim van; Hendrickx, Stan (2004). «El Abadiya 2, A Naqada I Site near Danfiq, Upper Egypt». Egypt at Its Origins: Studies in Memory of Barbara Adams : Proceedings of the International Conference "Origin of the State, Predynastic and Early Dynastic Egypt," Krakow, 28 August - 1st September 2002. Lovaina; Paris; Dudley, Massachusetts: Peeters Publishers
- Wengrow, D. (2006). The Archaeology of Early Egypt: Social Transformations in North-East Africa, C.10,000 to 2,650 BC. Cambridge: Cambridge University Press
- Wilson, Penelope (2007). «The Nile Delta». In: Wilkinson, Toby. The Egyptian World. Nova Iorque: Routledge