Maria Chiquinha
"Maria Chiquinha" | |
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Canção de Sônia Mamede e Evaldo Gouveia | |
Lançamento | 1961 |
Formato(s) | LP |
Gênero(s) | Xote[1] |
Letra | Guilherme Figueiredo |
Composição | Geysa Bôscoli |
"Maria Chiquinha" é um "xote-balada humorístico"[1] com melodia de Geysa Bôscoli e letra de Guilherme Figueiredo.[2]
Nessa canção, um homem (Genaro) questiona desconfiadamente uma mulher (Maria Chiquinha) sobre o que ela "foi fazer no mato". As respostas de Maria Chiquinha, que tem uma justificativa para tudo, não tiram as suspeitas de Genaro, que acaba decidindo "cortar a cabeça" dela. Algumas décadas depois, a letra da canção receberia críticas de jornalistas e historiadores, sendo considerada um exemplo de expressão de machismo e feminicídio.
A canção teve diversas gravações. A primeira foi com as vozes de Sônia Mamede e Evaldo Gouveia, pela gravadora RGE, em agosto de 1961.[1] No mesmo ano, em 20 de outubro, foi lançada pela RCA Victor a gravação com Luiz Claudio[3] e a cantora de forró Marinês, conhecida como "a rainha do xaxado".[4]
Versão de Sandy & Junior
[editar | editar código-fonte]"Maria Chiquinha" | ||||||||
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Single de Sandy & Junior do álbum Aniversário do Tatu | ||||||||
Lançamento | 1991 | |||||||
Formato(s) | LP | |||||||
Gênero(s) | ||||||||
Gravadora(s) | Philips, PolyGram | |||||||
Composição | ||||||||
Produção | ||||||||
Cronologia de singles de Sandy & Junior | ||||||||
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A dupla de cantores Sandy & Junior gravou a canção para seu álbum de estreia, Aniversário do Tatu (1991). Após uma participação do pai e tio deles, Chitãozinho & Xororó, no programa Som Brasil, da TV Globo, o então apresentador Lima Duarte sugeriu que Xororó levasse seus filhos para se apresentarem numa próxima oportunidade.[5]
"Maria Chiquinha" foi apresentada por Sandy e Junior no Som Brasil no final de 1989. A performance de Sandy e Junior, que na época tinham 6 e 5 anos de idade, respectivamente, foi recebida com entusiasmo pelo público e rendeu propostas de contratos fonográficos e shows. Em 1990, eles assinaram um contrato com a gravadora PolyGram.[6]
A faixa foi comercializada como um maxi single de 12" polegadas. Numa análise à carreira da dupla, o G1 disse que a canção tem "uma trama absurda para uma canção de um disco infantil."[7]
Faixa
[editar | editar código-fonte]Edição padrão (LADO A/B) | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Maria Chiquinha" | Geysa Bôscoli (melodia), Guilherme Figueiredo (letra)
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03:58 |
Controvérsias
[editar | editar código-fonte]A letra da canção descreve como um homem ("Genaro"), que desconfia de que sua esposa/namorada ("Maria Chiquinha") esteja o traindo com outro homem.[8] Isso é representado em trechos como "Que cocê foi fazer no mato, Maria Chiquinha? / Que cocê foi fazer no mato? / Eu precisava cortar lenha, Genaro, meu bem [...] Quem é que tava lá com você, Maria Chiquinha? / Quem é que tava lá com você?". No final da canção, Genaro não se vê convencido pelas justificativas de Maria Chiquinha e diz que vai "cortar a cabeça" dela.[9][10]
Devido ao aumento da conscientização da população acerca de questões como relacionamentos abusivos, violência doméstica e sexismo,[8] a canção foi criticada por jornalistas e historiadores contemporâneos, que consideram a letra uma expressão de machismo e feminicídio "com requintes de crueldade".[11][12][13] Escrevendo para O Estado de S. Paulo, em 2016, a jornalista Nana Soares afirmou:
Os versos acima poderiam estar num inquérito policial, mas estão no cancioneiro brasileiro. [...] Se hoje temos problemas em reconhecer a violência contra a mulher, quem dirá nas décadas de 80 e 90. A questão era tão tão tão naturalizada que nossa sociedade achou incrivelmente normal [Sandy e Junior, aos 6 e 5 anos de idade,] cantarem isso. Culpa de Sandy e Junior? De jeito nenhum. De pais desnaturados? Também não. Culpa da nossa sociedade mesmo, que aceitou e aceita até hoje músicas e outros produtos culturais que rebaixam a mulher.[11]
Em 2019, Sandy e Junior se reuniram para uma turnê comemorativa, mas decidiram não incluir a canção no repertório.[9] Durante um dos shows, os fãs da dupla começaram a cantar a canção e foram acompanhados por Sandy e Junior, mas os cantores não completaram a parte em que o personagem diz que vai "cortar a cabeça" de Maria Chiquinha.[14] Junior explicou o motivo: "Isso não é mais aceitável. Não são mais os anos 90. Deixem a Maria Chiquinha em paz. A Maria Chiquinha faz o que quiser no mato."[8] Em entrevista ao jornal O Globo, a professora de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Miriam Hermeto, descreveu a atitude de Junior como "louvável" e também disse: "Não se trata de tentar apagar determinada música. Não precisamos fingir que "Maria Chiquinha" e outras canções não existiram. Não podemos, nem devemos fazer isso. Essa ideia de apagar, de banir, não ajuda a mudar a realidade. Em escolas, por exemplo, é muito mais eficaz usar essas obras no aprendizado de estudantes justamente para educar sobre como eram vistas as relações sociais em outros tempos e como o entendimento da sociedade foi se alterando. Só assim é possível transformar a realidade."[8]
Referências
- ↑ a b c «Ivanildo e seu conjunto». Toque Musicall
- ↑ «Maria Chiquinha Jeysa Boscoli Guilherme Figueiredo Sandy E Junior». Aiohow. Arquivado do original em 9 de novembro de 2016
- ↑ «Luiz Cláudio - Dados artisticos». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
- ↑ «Marinês». Cantoras do Brasil
- ↑ Muniz, Flávia (14 de março de 2019). «Lima Duarte relembra estreia de Sandy e Junior em seu programa: 'Percebi na hora que seriam o que são'». Globo.com. Gshow. Consultado em 21 de março de 2019. Cópia arquivada em 21 de março de 2019
- ↑ «Filhos de Xororó imitam o pai e formam dupla sertaneja». Folha de S. Paulo. 23 de junho de 1991. Consultado em 9 de março de 2019. Cópia arquivada em 5 de março de 2019
- ↑ Braulio Lorentz, Rodrigo Ortega (12 de julho de 2019). «Sandy e Junior, o legado: top 10 tem versões, brega romântico, letra polêmica e grunge mirim». Globo.com. G1. Consultado em 1 de agosto de 2019
- ↑ a b c d Pains, Clarissa (22 de julho de 2019). «Por que Junior Lima está certo ao criticar letra de 'Maria Chiquinha'». Globo.com. O Globo. Consultado em 30 de julho de 2019. Cópia arquivada em 25 de julho de 2019
- ↑ a b Lichote, Leonardo (25 de julho de 2019). «Sandy & Junior renegam letra de 'Maria Chiquinha' e reacendem debate sobre canções que soam mal hoje». Globo.com. O Globo. Consultado em 30 de julho de 2019. Cópia arquivada em 25 de julho de 2019
- ↑ «Maria Chiquinha - Sandy & Junior». letras.mus.br. Consultado em 2 de setembro de 2019
- ↑ a b Soares, Nana (10 de novembro de 2016). «Maria Chiquinha só morreu porque o Genaro era machista». Estadão. Consultado em 11 de junho de 2017
- ↑ Julia Gianesi, Mariana Farah, Bianca Kachani e Bianca Alves (14 de março de 2017). «9 músicas machistas que todo mundo canta sem perceber». Jornalismo ESPM. UNIBOL. Consultado em 11 de junho de 2017
- ↑ Francesco, Wagner (2015). «A música como meio de perpetuar violência». Jusbrasil
- ↑ «Maria Chiquinha: conheça a verdadeira história da música "consertada" de Sandy & Junior». Reverb. 22 de julho de 2019. Consultado em 2 de setembro de 2019