SS Kroonland
SS Kroonland | |
---|---|
Estados Unidos | |
Operador | International Mercantile Marine |
Fabricante | William Cramp & Sons Philadelphia |
Homônimo | USS ""Kroonland"" |
Lançamento | 20 de fevereiro de 1902 no rio Delaware |
Batismo | 20 de fevereiro de 1902 pela Sra. Rodman Griscom |
Viagem inaugural | Junho de 1902 |
Estado | Devolvido à International Mercantile Marine |
Estados Unidos | |
Operador | Marinha dos Estados Unidos |
Aquisição | 22 de abril de 1918 |
Estado | Desmontado |
Destino | Desmantelado em 1927 |
Características gerais | |
Tipo de navio | Transatlântico |
Deslocamento | 22,000 t |
Tonelagem | 12,760 t |
Maquinário | 9 caldeiras "Scotch" a carvão com 2,100 m2 de área de aquecimento, operando a uma pressão de 170 libras por polegada quadrada |
Comprimento | 170.7 m |
Boca | 18,3 m |
Calado | 9,47 m |
Propulsão | 2 motores a vapor de expansão tripla gerando 10,200 cavalos (7,600 kW) de potência
2 hélices em parafuso |
Velocidade | 17 nós (30 km/h) |
Passageiros | 1,162 |
O SS Kroonland foi um transatlântico da International Mercantile Marine (IMM) desde sua botadura em 1902 até seu desmantelamento em 1927. Kroonland era a nau-irmã do Finland, do Vaderland e do Zeeland, da mesma empresa. O Kroonland navegou pela Red Star Line da IMM por 15 anos e também pelas linhas American Line e Panama Pacific Line, ambas da IMM. Durante a Primeira Guerra Mundial, o navio serviu como transporte no Exército dos Estados Unidos, sob a bandeira USAT Kroonland até abril de 1918, e como auxiliar da Marinha Americana sob a bandeira USS Kroonland (ID-1541) de abril de 1918 a outubro de 1919.
Anunciado pela Red Star Line em 1899, o Kroonland teve sua construção concluída em 1902 pela William Cramp & Sons, da Filadélfia. Quando lançado, era o maior navio a vapor americano já construído. Partiu de Nova York para Antuérpia em sua primeira viagem em junho de 1902, iniciando o serviço na rota em que navegaria pelos próximos doze anos. De acordo com o The New York Times, o Kroonland tornou-se o primeiro navio a emitir um pedido de socorro sem fio no mar quando pediu ajuda por rádio durante uma tempestade em 1903. Em outro evento pioneiro no rádio, o Kroonland recebeu a "primeira transmissão real da história" em dezembro de 1906.[1] O Kroonland foi um dos dez navios que vieram em auxílio do Volturno, que viu-se em chamas no meio do Atlântico em outubro de 1913. Apesar dos mares tempestuosos, o Kroonland conseguiu levar a bordo 89 sobreviventes, pelo que o capitão e a tripulação receberam honrarias, incluindo as Medalhas de Ouro do Congresso dos EUA.
Quando o início da Primeira Guerra Mundial em agosto de 1914 causou a interrupção de seu serviço à Bélgica, o Kroonland passou a fazer rotas alternativas. Em uma viagem ao Mediterrâneo em outubro de 1914, o Kroonland foi detido pelas autoridades britânicas em Gibraltar, e parte de sua carga foi confiscada em meio a disputas diplomáticas entre os então neutros Estados Unidos e o Reino Unido. Durante uma circunavegação fretada da América do Sul em fevereiro de 1915, o Kroonland se tornou o maior navio de passageiros até hoje a transitar pelo Canal do Panamá. O Kroonland foi colocado na linha Nova York - Canal do Panamá - San Francisco, até que um deslizamento de terra fechou temporariamente o canal. De volta ao serviço transatlântico, o Kroonland foi um dos primeiros navios dos EUA armados pela Marinha para defesa contra ataques de submarinos alemães. Em maio de 1917, o Kroonland foi atingido por um torpedo que não detonou, causando apenas danos menores ao navio.
Após a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, o Kroonland serviu como transporte de tropas para o Exército e a Marinha dos EUA. O navio fez seis viagens transportando tropas até a França antes do armistício e mais oito viagens posteriormente, transportando quase 38.000 soldados no total. Retornada à IMM no final de 1919, o Kroonland ardeu em um incêndio no estaleiro em janeiro de 1920 enquanto estava sendo convertido para o serviço de passageiros. O navio retomou o serviço no Atlântico Norte em abril, permanecendo lá até retornar ao trajeto Nova York - San Francisco em 1923. O Kroonland inaugurou o trajeto de inverno Nova York - Miami da IMM de dezembro de 1925 a março de 1926, mas aportou em Hoboken, Nova Jersey, quando a IMM não retomou a rota de Miami no ano seguinte. O navio foi vendido e desmantelado em Gênova em 1927.
Design e construção
[editar | editar código-fonte]Em julho de 1899, a Red Star Line anunciou planos para a construção de quatro grandes transatlânticos. Dois navios, o Kroonland e o Finland, seriam construídos na William Cramp & Sons, na Filadélfia, e os outros, Vaderland e Zeeland, na John Brown & Company, de Clydebank, na Escócia.[2] Em meados de abril de 1901, os dois navios de fabricação escocesa já estavam concluídos e navegando a serviço da Red Star, com a construção do par americano já em andamento.
O Kroonland e sua nau-irmã Finland,[3] de 12,760 TAB(toneladas de arqueação brutas) cada,[4] eram ligeiramente maiores que o Vaderland e do que o Zeeland.[5] Os navios americanos eram os maiores navios a vapor construídos nos Estados Unidos na época de seu lançamento,[6] e eram os navios civis de maior tonelagem já construídos pela William Cramp.[7] O Kroonland estava a 560 pés (170,7 m) de comprimento (pp) e 60 pés (18,3 m) de boca, com uma profundidade moldada de 42 pés (12,8 m). Seu casco era de aço e quase todos os rebites foram fixados com pistolas pneumáticas.[8]
O Kroonland era capaz de navegar a uma velocidade de até 17 nós (31 km/h) através de dois motores a vapor de expansão tripla. Os motores geravam 5,100 cavalos de potência (3,800 kW) e tinham cilindros de 32,5 polegadas (83 cm), 54 polegadas (140 cm) e 89,5 polegadas (227 cm) com 42 polegadas (110 cm) de curso. A bordo, estavam nove caldeiras "Scotch" a carvão com uma área de aquecimento de 22 400 pés quadrados (2 100 m2), uma área de grade de 643 pés quadrados (60 m2) e pressão operacional de 170 libras por polegada quadrada (1 200 kPa).[6] O casco tinha onze compartimentos vedados com anteparos reforçados, e foi projetado para continuar a flutuar com até dois compartimentos inundados. Os armazéns de carvão do Kroonland rodeavam as caldeiras, de forma a oferecer alguma proteção caso o navio fosse utilizado em tempos de guerra.[9]
A área sob o convés principal era capaz de suportar até 11 toneladas de carga e provisões. Os tanques d'água a bordo conseguiam carregar 200 toneladas de água. Câmaras de armazenamento refrigeradas eram usadas para carnes e outros produtos perecíveis.
As acomodações para os passageiros da terceira classe ficavam no convés principal: três compartimentos masculinos à frente, e um único compartimento familiar na traseira. O compartimento familiar contava com cabines contendo dois, quatro ou seis beliches. Todos os compartimentos possuíam salas de jantar bem-iluminadas e corredores largos que levavam aos lavabos e casas de banho no convés superior.
O andar superior abrigava instalações para oficiais e passageiros de primeira e segunda classe. Um longo castelo de proa continha as acomodações para a tripulação e os oficiais menores, um hospital e os lavabos da terceira classe.[10] As cabines de primeira classe para 106 passageiros ficavam localizadas perto do meio do navio. Na retaguarda, entre as chaminés, ficava a sala de jantar dos passageiros da primeira classe, que se ocupava toda a largura do navio. Com capacidade para 208, a sala tinha móveis de mogno e painéis de madeira acetinada com incrustações decorativas, e um teto de claraboia de vidro que se estendia por dois conveses.[11] Além dessa área estavam as cozinhas, copas e despensas que serviam a todas as classes de passageiros. Mais adiante, ficava a sala de jantar dos passageiros da segunda classe, que acomodava 120 pessoas. Esta também ocupava toda a largura do navio e tinha móveis de mogno, mas era decorada de maneira mais simples, revestida com tapeçaria e um chão de cor creme. Após a área de jantar, havia cabines para 76 passageiros da segunda classe.
Um convés de 220 pés (67 m) de comprimento continha cabines para outros 204 passageiros da primeira classe e 120 da segunda classe. Na traseira, havia um camarote que continha uma sala social para passageiros de terceira classe. Um convés de passeio estava localizado acima e era permanentemente cercado por um convés de barco,[10] onde os 20 botes salva-vidas de aço do Kroonland ficavam atracados.[12] O convés de passeio abrigava a biblioteca e a sala dos fumantes da primeira classe.
O Kroonland foi lançado na tarde de 20 de fevereiro de 1902 em uma cerimônia pequena e informal. A Sra. Rodman Griscom batizou o navio, mas o Kroonland sequer se mexeu no estaleiro; visto que o tempo frio congelara o sebo usado para lubrificar a madeira. Macacos hidráulicos foram usados para que fosse possível finalmente libertar o navio para seu mergulho no rio Delaware.[13]
Serviço para a Red Star Line, 1902-1914
[editar | editar código-fonte]O Kroonland navegou em sua viagem inaugural de Nova York a Antuérpia em 28 de junho de 1902, trajeto no qual permaneceu pelos doze anos seguintes.[4] Nestes primeiros anos de serviço, esteve envolvido em dois eventos de rádio pioneiros. Após uma falha do sistema de direção, a 130 milhas náuticas (240 km) a oeste de Fastnet Rock, durante um vendaval no início de dezembro de 1903, a tripulação do navio conseguiu comunicar sua situação através do sistema wireless Marconi,[14] tornando-se, de acordo com o que se pode constatar numa vista contemporânea das notícias da época, o primeiro navio em perigo a usar o sistema sem fio.[15] O Kroonland ancorou em Queenstown, na Irlanda, para reparos e transferiu seus passageiros e mercadorias para navios da White Star Line, outra subsidiária da IMM.[Note 1] O outro evento pioneiro ocorreu em 24 de dezembro de 1906, quando o operador de rádio sem-fio do navio ouviu—em vez dos habituais pontos e traços do código morse—a voz de uma mulher cantando. O canto foi seguido por uma gravação do "Largo" de Handel, uma leitura de poesia, e mais músicas tocadas em fonógrafos. O navio recebia o que o jornalista e autor Robert St. John chamou de "primeira transmissão real da história", originada pelo pioneiro do rádio Reginald Fessenden, de Brant Rock, no Massachusetts.[1]
Durante seu tempo no trajeto Nova York - Antuérpia, o Kroonland era frequentemente atingido pelas tempestades típicas do Atlântico Norte. Em novembro de 1904, uma agência de notícias de Bruxelas relatou um boato de que o navio havia afundado em uma tempestade no meio do oceano. O relatório—provado falso quando o Kroonland atracou em segurança em Nova York[16]—recebeu ampla cobertura na imprensa americana.[17] Durante uma forte tempestade de dezembro, o navio foi atingido por um vagalhão cuja altura atingia o topo de suas chaminés. A enorme onda caiu sobre o convés e fez parar o navio. Um passageiro belga teve uma de suas pernas quebrada ao ser atirado contra uma parede, e um tripulante que ocupava seu posto de guarda na gávea foi derrubado e desceu rolando até o convés 40 pés (12 m) abaixo, sofrendo apenas ferimentos leves.[18]
Em outra tempestade de dezembro, um dos dois eixos de transmissão do Kroonland quebrou enquanto o navio margeava as Ilhas Sorlingas. Usando o único eixo restante, o navio conseguiu navegar de volta até Southampton, onde dois reboques levaram-no até o porto. Os passageiros foram transferidos para o Majestic para seguirem viagem até Nova York,[19] enquanto o Kroonland ingressava nas docas-secas em Southampton. Uma vez instalado um novo eixo de transmissão, o navio deixou o porto—sem passageiros ou carga—rumo a Nova York, onde chegou em 2 de janeiro de 1908.[20] Em fevereiro de 1910, severas tempestades de inverno no Atlântico Norte extendeu em duração uma das viagens a oeste do Kroonland, atrasando sua chegada em Nova York em três dias.[21] Em maio, o Kroonland quebrava mais um eixo de transmissão e, mais uma vez, navegou até Southampton para reparos.[22]
Nem todos os percalços do navio foram relacionados a tempestades. No final de abril de 1911, o Kroonland atingiu o quebra-mar em Dover Harbor, danificando o mecanismo de direção e atrasando a viagem em um dia.[23] Em 8 de janeiro de 1913, o Kroonland encalhou no Canal Ambrose durante uma forte neblina ao sair de Nova York. Os reboques levaram seis horas até que fosse possível libertar o navio da lama macia onde ficara preso.[24]
A Red Star Line mudou o registro do Kroonland de americano para belga em 6 de novembro de 1908 em Antuérpia. Uma razão dada para a mudança foi permitir que a Red Star contratasse equipes não americanas a um custo menor.[25] O navio fez sua primeira viagem sob a bandeira belga no dia seguinte.[4] Em maio de 1911, a tripulação do Kroonland, devido a rumores de uma greve iminente de marinheiros britânicos, recusou-se a apresentar-se ao serviço para a próxima viagem do navio, forçando a Red Star a contratar uma tripulação substituta.[26][Note 2]
A International Mercantile Marine apresentou uma licitação por um contrato de dez anos para o Kroonland e o Finland para transportar correio dos EUA entre Nova York e San Francisco após a abertura do Canal do Panamá. Por lei, apenas navios que navegassem sob a bandeira americana poderiam transportar correio dos EUA sob contrato. Também se previa que navios com bandeira dos EUA receberiam tratamento preferencial para pedágios.[27] Em uma curta cerimônia a bordo do navio no porto de Nova York, em 27 de dezembro de 1911,[28] a bandeira belga foi abaixada e a bandeira americana foi hasteada ao som do hino nacional norte-americano, executado pela banda do navio; pouco antes de sua partida para Antuérpia.[29]
Resgate do SS Volturno
[editar | editar código-fonte]Por volta das 06:00 do dia 9 de outubro de 1913, o Volturno, um navio da Royal Line sob fretamento para a Uranium Line, pegou fogo durante um vendaval no Atlântico Norte. A tripulação lutou contra o incêndio por cerca de duas horas, mas, percebendo a gravidade do incêndio e as limitadas opções para controlá-lo em alto mar, o capitão Francis Inch pediu ao seu operador de rádio sem-fio que enviasse sinais de SOS. O Kroonland, que viajava para oeste e já se encontrava para além da posição do Volturno, voltou-se para o leste para ajudar o navio em chamas.[30] Nesse meio tempo, vários dos botes salva-vidas do Volturno com mulheres e crianças a bordo foram lançados com resultados trágicos: todos aqueles a bordo dos botes salva-vidas foram mortos quando os barcos viraram ou foram esmagados pelo casco do navio.[31]
Ao todo, dez navios atenderam aos pedidos de socorro, chegando ao longo do dia e no seguinte.[31] O Kroonland chegou por volta das 17:00, e às 20:00 havia lançado um barco salva-vidas com uma equipe de voluntários. O barco não conseguiu se aproximar do navio em chamas. O bote salva-vidas do Kroonland retornou às 22:30 com uma tripulação exausta e a única pessoa que se atreveu a enfrentar o salto e mergulho nas águas agitadas.[30] O capitão J.C. Barr, do Carmania—o primeiro navio a chegar—assumiu o comando do esforço de resgate. Barr fez os navios formarem uma espécie de "linha de batalha" e circularem lentamente o navio em chamas, enquanto o Carmania mantinha um holofote sobre o Volturno e um outro navio varria o círculo de embarcações de resgate para ajudá-los a evitar colisões. Apesar dos esforços do Carmania, o Kroonland e o La Touraine, da linha francesa, quase colidiram, chegando somente a—segundo um passageiro—a 15 pés (4,6 m) de um possível impacto.[32]
O bote salva-vidas do Kroonland, tripulado por uma nova equipe, voltou ao Volturno e voltou com 13 passageiros do convés inferior.[30] A bordo do Volturno, a tripulação e alguns passageiros do sexo masculino, tendo falhado em extinguir o incêndio, conseguiram ao menos impedir que ele se alastrasse até os porões de carga traseiros, sobre os quais os restantes passageiros ainda a bordo estavam reunidos. Pouco antes do amanhecer, uma grande explosão—provavelmente vinda das caldeiras—abalou o Volturno, e os tripulantes envolvidos no resgate sentiram que o navio, que não corria o risco iminente de afundar até esse ponto, poderia agora afundar a qualquer momento. O petroleiro Narragansett ligou as bombas e borrifou óleo lubrificante no mar para ajudar a acalmar a superfície.[31] O efeito combinado do óleo e de um eventual abrandamento da tempestade permitiu que muitos mais botes salva-vidas pudessem ser enviados para ajudar o Volturno. O Kroonland lançou mais dois botes e salvou mais 75 passageiros e tripulantes, incluindo o Capitão Inch, a última pessoa a deixar o navio danificado. Ao todo, cerca de 520 passageiros e tripulantes foram resgatados pelos dez navios; 89 somente no Kroonland. A perda de vidas foi limitada a cerca de 130, principalmente mulheres e crianças, mortos após os primeiros lançamentos de botes salva-vidas.
Com todos os barcos recuperados às 09:00, os navios retomaram seus cursos originais.[31] O Kroonland virou para o oeste e seguiu para os Estados Unidos, a sofrer de um eixo de transmissão danificado, que o desacelerou para 12 nós (22 km/h). Durante sua lenta viagem até Nova York, os passageiros de cabine do Kroonland redigiram uma resolução em homenagem ao capitão Kreibohm e à tripulação por suas ações durante o resgate e arrecadaram US$ 700 para o benefício dos sobreviventes do Volturno. O Kroonland finalmente ancorou em Nova York em 16 de outubro.[30]
A tripulação, como as dos outros nove navios envolvidos, recebeu muitos elogios por seus esforços de resgate. Depois de enviar ao navio um telegrama congratulatório no momento do resgate,[33] o Rei Albert I da Bélgica nomeou o capitão Kreibohm cavaleiro da Ordem da Coroa da Bélgica, em janeiro de 1914.[34] Ao mesmo tempo, o governo belga concedeu sua condecoração cívica de terceira classe para o terceiro oficial do Kroonland, e a condecoração cívica de primeira classe para seis tripulantes e um mordomo.[35] Em março, o Rei George V, do Reino Unido, por recomendação da Junta Comercial, concedeu a 39 membros da tripulação do navio a medalha de prata de "galanteria marítima," juntamente com um prêmio de 3 libras. Os tripulantes de todos os dez navios receberam medalhas de galanteria marítima, mas nenhum outro navio recebeu mais medalhas do que o Kroonland.[36] Mais tarde, em março, o Congresso dos Estados Unidos honrou Kreibohm com um relógio de ouro,[37] os oficiais do Kroonland—incluindo Kreibohm—com medalhas de ouro do congresso,[38][Note 3] e outros tripulantes com cinco medalhas de prata e 25 medalhas de bronze. Em abril, a Associação Benevolente de Salvamento de Nova York concedeu sua Medalha de Salvamento a Kreibohm, quatro oficiais e 35 tripulantes.[39] Em junho de 1916, Kreibohm foi condecorado com a Cruz de Honra Americana pelo deputado Henry Bruckner.[40]
O Kroonland retomou seu serviço normal de Nova York – Antuérpia até 11 de agosto de 1914,[4] quando chegou a Nova York com passageiros que haviam escapado por pouco das hostilidades começando a envolver o continente europeu.[41]
Passageiros Notáveis
[editar | editar código-fonte]Durante o pré-guerra, em seus trajetos Nova York – Antuérpia, o Kroonland transportou um contingente interessante de passageiros notáveis. No dia 1.º de agosto de 1904, uma das passageiras do navio chegou a Nova York com uma história algo misteriosa – ela dizia ter saído para jantar em Antuérpia e, ao acordar, viu-se de repente em alto-mar, tendo em posse unicamente o vestido branco de seda que vestia. Sem qualquer dinheiro ou bagagem, ela teve sua entrada impedida nos Estados Unidos, sendo forçada a permanecer a bordo no navio.[42] Após ter sua aventura contada pelo New York Times, ela recebeu cartas e telegramas que até incluíam pedidos de casamento. Sua procedência e cartas de crédito eventualmente verificaram sua identidade, mas ela acabou por ser deportada quando um médico de Nova York lhe declarou insana.[43] Mais tarde no mesmo mês, o New York Times mencionou reclamações dos passageiros de primeira classe acerca de privilégios para seus cães, e sobre as más condições do canil a bordo do Kroonland. Uma passageira estava determinada a manter seu cão com ela dentro de sua cabine, e uma vez que outros se haviam juntado a ela na retirada de suas companhias caninas do canil, a tripulação do Kroonland teve de tomar os cães e levá-los todos de volta ao canil. Muitos dos donos de cães recusaram-se a falar com aqueles involvidos pelo resto da viagem.[44]
Em 27 de maio de 1905, a escritora norte-americana Molly Elliot Seawell navegou para a Europa a bordo do Kroonland, no dia em que seis navios, com mais de 1500 passageiros, partiram de Nova York.[45] Em outubro, Helen Taft retornou da Europa no Kroonland e foi recebida por seu marido, o secretário de Guerra William Howard Taft.[46] No agosto seguinte, Henry Yates Satterlee, o primeiro bispo episcopal de Washington, retornou a bordo do Kroonland de uma excursão de seis semanas pelas catedrais da Europa, durante a qual observou elementos de design bons e ruins de catedrais em preparação para a construção da Catedral Nacional de Washington. Também retornando na mesma viagem estavam o almirante Charles Sperry e o tenente Daniel W. Wurtsbaugh, da Marinha dos EUA, e o brigadeiro-general Robert O'Reilly, cirurgião geral do exército dos EUA; todos eram delegados americanos na Segunda Convenção de Genebra.[47] Não foi a primeira viagem no Kroonland para Satterlee e O'Reilly. Satterlee já estivera a bordo do transatlântico no mês de maio anterior para visitar a cidade termal de Bad Nauheim, em Hesse;[48] O'Reilly estava na viagem de novembro de 1904 em que o Kroonland havia sido relatado como afundado.[16]
O Kroonland foi também palco de uma tentativa de assassinato-suicídio em outubro de 1908. Dois conhecidos do convés inferior discutiram sobre uma jovem passageira da segunda classe que ambos conheciam. Um homem jogou uma faca no outro—ferindo-o apenas levemente—e depois fugiu e pulou sobre a balaustrada no Canal da Mancha, perto de Dover. O senador americano Benjamin Tillman e sua esposa estavam a bordo do navio na época e viram o jovem pular no mar. Embora o navio tenha lançado um barco para procurá-lo, nenhum vestígio dele foi encontrado, e presumiu-se que o homem se tinha afogado.[49]
As atrizes americanas Kitty Cheatham e Isabel Irving—cada uma delas casada com um homem diferente de mesmo nome, W. H. Thompson—viajaram a bordo do Kroonland em maio de 1910. Alertadas para a presença uma da outra durante uma confusão quanto a uma carta endereçada à "Sra. W. H. Thompson," as atrizes—velhas amigas, tendo ambas trabalhado na companhia de teatro de Augustin Daly—dividiram uma cabine para a viagem.[50] Mais tarde naquele mês, o navio serviu como o "navio a vapor da Conferência Missionária Mundial" oficial para delegados e representantes a caminho da Conferência Missionária Mundial em Edimburgo, Escócia.[51] Honda Yoitsu, dito o único bispo episcopal metodista japonês, estava entre os que estavam no navio quando o mesmo partiu em 31 de maio.[52] Uma série de notícias relatou algumas das atividades incomuns a bordo do Kroonland durante esta viagem. Entre eles estavam os cultos devocionais matinais realizados diariamente na sala de jantar do navio, e o canto espontâneo de hinos no convés todas as noites.[53]
Notas
- ↑ Kroonland's first- and second-class passengers were transferred to RMS Teutonic and third-class passengers were transferred to another, unreported steamer. See: «Get money at sea». Chicago Daily Tribune
- ↑ Typically, crew members had no contracts and had to "sign on" after each voyage. See: Coons and Varias, p. 125.
- ↑ It is not entirely clear from contemporary sources whether Kreibohm actually received both a watch and a gold medal. Stathis (p. 17) indicates Kreibohm did, in fact, receive a gold medal.
Referências
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- ↑ Bonsor, p. 840.
- ↑ «Online Library of Selected Images: U.S. Navy ships: USS Kroonland (ID # 1541), 1918–1919»
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Galeria de fotos no Centro Histórico Naval NavSource
- Fotos de Kroonland nas eclusas Pedro Miguel, do Canal do Panamá, c. 1915
- Um pequeno vídeo dedicado ao SS Kroonland
- Páginas relacionadas ao resgate feito pelo Kroonland de sobreviventes do incêndio e afundamento do SS Volturno, em A queima do 'Volturno' :