Tratados de Roma (1941)
Os Tratados de Roma de maio de 1941 foram assinados entre a Itália fascista de Benito Mussolini e o recém-criado Estado Independente da Croácia de Ante Pavelić, e serviram para delinear a fronteira entre as duas nações.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Durante a Invasão da Iugoslávia, alemães e italianos tentaram minar a resistência iugoslava aguçando as diferenças nacionalistas no país. Na Croácia, os alemães haviam tentado, sem sucesso, obter o apoio do principal líder do maior partido da região, Vladko Maček, líder do Partido Camponês Croata.[1] Dada a sua recusa deste a prestar-se para liderar um governo fantoche favorável as potências do Eixo, Adolf Hitler aprovou colocar em seu lugar o exilado Ante Pavelić, que dias antes de ser transferido para a Croácia com a ajuda dos italianos contava apenas com 230 partidários concentrados em Pistoia.[1] A proclamação da independência croata ocorreu pelo tenente de Pavelić em Zagreb a 10 de abril de 1941, pouco depois que as autoridades iugoslavas evacuaram a cidade e os alemães entrarem na mesma.[carece de fontes]
Os italianos, com ambições territoriais na costa dálmata,[1] apoiaram, em princípio, a aparente transferência de poder a Pavelić em troca da concordância deste com a transferência da Dalmácia para a Itália.[1] Pavelić não só mostrou-se disposto, mas propôs uma união dinástica entre os dois países, com o objetivo de melhorar as relações entre Itália e Croácia.[1]
O apoio alemão a Pavelić parecia um triunfo da diplomacia de Mussolini, mas desde o início os Ustasha de Pavelić mostraram-se hostis a seus antigos protetores e ao seu desejo de anexação do Adriático.[1] Os alemães incentivaram o descontentamento croata em relação reivindicações territoriais italianas.[1]
Em 21 de abril de 1941, tendo atrasado o anúncio da cessão da Dalmácia, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha nazista, Joachim von Ribbentrop, expressou seu apoio para a inclusão da Bósnia e Herzegovina no novo estado croata e "porções substanciais" da Dalmácia.[2] As negociações subsequentes, em que o governo de Pavelić solicitou continuamente o apoio alemão para contrariar as ambições da Itália, incluíram o pedido croata para incluir no seu território toda a Dalmácia, Split (em italiano: Spalato), Dubrovnik (em italiano: Ragusa) e várias ilhas do Adriático.[2]
Acordo
[editar | editar código-fonte]Após longas negociações, a Itália conseguiu apoderar-se de grande parte da Dalmácia (exceto Dubrovnik), anexando território habitado por 280 mil croatas, 90 mil sérvios e 5 mil italianos.[2] O acordo foi assinado em Roma em 18 de maio de 1941.[2]
Consequências
[editar | editar código-fonte]Embora, aparentemente, os acordos selaram o fim das disputas entre o governo italiano e o croata, não terminaram com a questão territorial entre ambos.[2] As relações entre ambos continuaram ruins e pioraram também as relações germano-italianas, dado o apoio alemão às posições de Pavelić pelo interesse germânico em minar o poder italiano na área e obter matérias-primas do novo país .[2][3] O novo Estado croata perdeu a parte mais valiosa da costa do Adriático, que passou a ser controlada pelo Segundo Exército Italiano.[4]
Enquanto os italianos tentaram, sem sucesso, forçar uma união aduaneira e monetária, rejeitada por Zagreb, Pavelić impôs um bloqueio de fato para Split e atiçava os nacionalistas croatas na área atribuída finalmente para a Itália.[3]
A transferência de grande parte da Dalmácia alimentou o movimento guerrilheiro na região em detrimento dos Ustashas, apresentando-se como um movimento de libertação na região de ocupação italiana.[5]
Após a rendição italiana no outono de 1943, Pavelić oficialmente anexou os territórios cedidos pelos tratados de 1941, mas na prática ficaram sob controle alemão.[carece de fontes]
Notas e referências
Notas
Referências
- ↑ a b c d e f g Milazzo (2008), p. 6
- ↑ a b c d e f Milazzo (2008), p. 7
- ↑ a b Milazzo (2008), p. 9
- ↑ Kolanovic (2006), p. 474
- ↑ Kolanovic (2006), p. 478
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Kolanović, Nada Kisić (2006). «The NDH's Relations with Southeast European Countries, Turkey and Japan, 1941–45». Totalitarian Movements and Political Religions. 7 (4). pp. 473–492
- Milazzo, Matteo J (2008). The Chetnik Movement and the Yugoslav Resistance (em inglês). [S.l.]: ACLS Humanities E-Book. 224 páginas. ISBN 9781597407007