Fiat Linea T-Jet

ALTERAR O TAMANHO DA LETRA  

A Fiat tem tradição de largar na frente nos segmentos de entrada, mas patinar nos andares superiores. O sedã Marea e, mais antigamente, o Tempra não conseguiram nem de longe o desempenho que o Mille e a família Palio alcançam no mercado. No entanto, com o Linea, lançado em setembro, a Fiat pretende fazer uma corrida de recuperação. Com a expectativa de vendas na casa de 2 500 unidades por mês, ela quer encostar no primeiro pelotão do segmento, que tem a liderança disparada do Honda Civic, com a média de 5 152 unidades vendidas por mês neste ano. Toyota Corolla e Chevrolet Vectra disputam freada a freada para ver quem fica em segundo. O Corolla está na frente, com a média de 2 565 unidades mensais contra 2 502 unidades do Vectra.

Segundo a Fiat, o Linea é um de seus modelos mais submetidos a pesquisas, desde o desenvolvimento até o produto final. Assim que decidiu fazer o carro no Brasil, em 2005, a fábrica correu a estudar se o nome Linea seria bem recebido por aqui. Depois, analisou exaustivamente as preferências dos consumidores, enquanto dissecava os concorrentes para conhecer seus pontos fortes. Além da preparação do carro, porém, a Fiat tratou de afinar as equipes das concessionárias, que são peça fundamental na competição. Nesse segmento, não basta saber vender: é necessário atender bem o cliente durante todo o tempo em que ele for o proprietário do carro.

A Fiat sabe que não pode errar em sua estratégia, e, como é melhor pecar pelo excesso que pela omissão, criou uma estrutura de atendimento digna das marcas de luxo. Quem compra um Linea é automaticamente inscrito em um programa de relacionamento batizado de Clube L’Unico. No ato da compra, o motorista ganha um kit de boas-vindas do clube, composto de um DVD e um manual, explicando que o associado tem acesso a um canal de comunicação direto com a fábrica (por meio de um call-center exclusivo e da internet) e também conta com serviços personalizados, o que inclui convites para shows, exposições e peças de teatro.

Todo proprietário de Linea vai receber uma carta assinada pelo presidente da Fiat com felicitações pela aquisição e a indicação do nome e do telefone de um funcionário da fábrica. Ele será o consultor particular do cliente, para solucionar qualquer problema que eventualmente aconteça com o carro. Além desse profissional, porém, toda oficina autorizada terá um gerente de pós-venda dedicado ao Linea. Aliás, quando tiver de levar o carro até a oficina, o cliente só precisa telefonar para o pessoal do programa de assistência Confiat para conseguir um motorista que vai retirar e depois devolver o veículo, em casa ou no escritório. A mordomia dura enquanto o carro estiver na garantia, que é de três anos.

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Para sonhar - O Linea chega em quatro versões: 1.9 16V, 1.9 16V Dualogic, 1.9 16V Absolute e T-Jet – com dois novos motores (1.4 e 1.9), dois tipos de câmbio (manual e manual robotizado) e três níveis de acabamento (básico, Absolute e TJet).

O Linea surpreende quem espera encontrar um sedã derivado do Punto. Ele mede 4,56 metros de comprimento e 1,73 metro de largura, enquanto o Punto tem respectivamente 4,04 e 1,69 metro. Segundo a Fiat, as únicas peças que os dois têm em comum são as portas dianteiras e o pára-brisa. Claro que a essa lista pode-se acrescentar outros componentes, como saídas de ventilação e sistemas como o de ar-condicionado. Mas eles são minoria.

O resto é tudo novo. Externamente, todas as versões do Linea são iguais. A diferenciação se dá pela identificação na traseira e pelo desenho das rodas. As versões básica e Dualogic têm rodas de aro 15; a Absolute tem rodas de aro 16 e a T-Jet, aro 17. Por dentro, a combinação de cores e materiais varia bastante. Na 1.9 16V e na 1.9 16V Dualogic, o painel e os bancos de veludo são cinza. Na Absolute, há duas opções de cor, cinza ou bege, e os bancos são revestidos de couro. E na T-Jet o painel é bicolor (preto na parte de cima e bege na de baixo), com os bancos de tecido microfibra bege.

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O Linea é bem equipado desde a versão mais simples, que traz duplo airbag, freios ABS, ar-condicionado, CD player, trio elétrico, vidros laterais laminados, volante multifuncional, computador de bordo e abertura elétrica do porta-malas e do tanque de combustível, de série. A T-Jet é equipada com motor 1.4 16V Turbo. A Fiat decidiu chamá-la de T-Jet apenas, contrariando o padrão da marca que identifica o motor, para que não passasse como a mais simples da família. De fato, a T-Jet é a versão topo-de-linha. Ela custa 78 900 reais, enquanto a básica sai por 60 900. A Dualogic custa 63 900 reais e a Absolute, 68 640. Segundo a fábrica, o importante é a tecnologia e o rendimento que o motor entrega. Comparativamente, o 1.4 do Linea é mesmo mais sofisticado que o 1.9, que apesar de flex é convencional.

O 1.4 (que só roda com gasolina) conta com um turbocompressor de baixa inércia, tuchos de válvulas hidráulicos, sub-bloco e cárter de alumínio e bielas fraturadas, entre outros recursos. Na prática, são 152 cv de potência, ante os 130 cv do motor 1.9. Na pista de testes, o T-Jet conseguiu o respeitável tempo de 10,2 segundos nas acelerações de 0 a 100 km/h – embora não seja páreo para o Civic Si e seus 192 cv, com o tempo de 7,9 segundos na mesma prova. A Fiat diz que o forte do motor é a economia. O T-Jet segue o novo conceito “downsizing” – muito em voga na Europa. O conceito aposta na redução do deslocamento (e a conseqüente diminuição das áreas de atrito) como forma de limitar o consumo de combustível. E,  realmente, ele se saiu bem em nossas medições, com as médias de 9,8 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada, enquanto o Linea 1.9 16V Absolute fez 6,5 e 8,7 km/l, respectivamente.

O T-Jet está para o Linea assim como o Stilo Abarth está para o Stilo. Ou seja: ele é uma versão esportiva que serve para a fábrica fazer o cliente sonhar, mas que, no fundo, vende pouco. A Fiat estima que o T-Jet represente apenas 10% das vendas do Linea. Na corrida do mercado, o primeiro piloto da fábrica será o Linea 1.9 16V.

LINEA
R$ 78 900
A versão T-Jet é a topo-de-linha. Traz motor 1.4 turbo de 152 cv de potência e câmbio manual.

[img01] DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção é rápida e firme. Os freios, com ABS, poderiam ser um pouco mais eficientes. A suspensão tem ajuste levemente esportivo e segura bem o carro nas curvas.

[img02] MOTOR E CÂMBIO
O motor é valente. Entrega mais torque e mais potência que muito motor 2.0 aspirado. O câmbio faz sua parte, com engates precisos.

[img03] CARROCERIA
O Centro Stile Fiat se inspirou no Punto, desenhado pelo estúdio Giugiaro, e o resultado ficou bom. O acabamento é de primeira qualidade.

[img04] VIDA A BORDO
O sistema de navegação por satélite, opcional, conta com um pequeno visor, como tela, e indica apenas os próximos passos do motorista.

[img05] SEGURANÇA
Entre os equipamentos de série estão airbags frontais de duplo estágio e freios ABS, com EBD. Faltou o ESP.

[img06] SEU BOLSO
A versão T-Jet foi feita para ser desejada. Custa caro e nem a Fiat espera vender muitas unidades.

 O RIVAL

CIVIC EXS
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A versão mais completa do Civic, com seu câmbio seqüencial com comandos no volante, pode ser uma opção para quem procura um pouco mais de esportividade.

[img07] VEREDICTO
Com o acabamento que tem, a quantidade de equipamentos que oferece em todas as versões e o atendimento que a Fiat promete, o Linea tem boas chances de sucesso no mercado. Mas a cara versão T-Jet terá pouca participação nas vendas.

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