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Abecazes

(Redirecionado de Abecásios)

Os abecazes,[1] abecásios ou abecázios[2] (em abecásio: Аҧсуа, Apswa) são um grupo étnico caucasiano da Abecásia, região pertencente à Geórgia. Grande parte da diáspora abecásia vive na Turquia. Esta diáspora teve origem na emigração do Cáucaso, no século XIX, conhecida por muhajirismo (do árabe muhājir , "emigrante"[3]). Vários abecásios vivem igualmente noutras partes da antiga União Soviética, particularmente na Rússia, no Casaquistão e na Ucrânia.[4]

Abkhazes
აფხაზები
Homens abcásios em meados do século XIX
População total
Regiões com população significativa
Abecásia 122 000
Geórgia (exceto a Abecásia) 3 500
Rússia 11 000
Ucrânia 2 000
total 200 000 - 600 000 (est.)
Línguas
abcázio, turco, russo, georgiano
Religiões
cristianismo ortodoxo, islamismo sunita

História

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Alguns estudiosos consideram a antiga tribo dos Henioqui como os progenitores dos abecásios.[5] Este povo belicoso entrou em contato com os gregos antigos através das colônias de Dioscúrias e Pitiunta.[5] No período romano, os Abasgos são mencionados como habitantes da região.[5] Esses abasgos (abecásios) foram descritos por Procópio como belicosos, adoradores de três divindades e sob a suserania do Reino da Lázica.[5] A visão abecásia é que os Apsilas e Abasgos são ancestrais do grupo de povos abecásio-adiguês, enquanto a visão georgiana é que eram Colcos (cartvelianos ou georgianos).[6]

 
Bagrat III da Geórgia, rei do Reino da Abecásia no século XI

Lázica foi um reino vassalo do Império Bizantino durante a maior parte de sua existência. Posteriormente, foi estabelecido o Reino da Abecásia, e a região tornou-se parte do mundo cultural georgiano. A nobreza local, o clero e a classe educada utilizavam o georgiano como língua da literatura e da cultura. Do início do século XI ao século XV, a Abecásia foi parte da monarquia georgiana, mas depois tornou-se um Principado da Abecásia, apenas para ser conquistado pelos otomanos.[7]

No final do século XVII, a região tornou-se um teatro de comércio de escravos e pirataria generalizada. De acordo com uma teoria controversa desenvolvida por Pavle Ingorokva na década de 1950, naquela época várias tribos pagãs Abaza norocaucasianas migraram do norte e se misturaram aos elementos étnicos locais, alterando significativamente a situação demográfica da região. Essas visões foram descritas como etnocêntricas e com pouco apoio histórico.[8][7]

 
Menina abecásia em 1881

A conquista russa da Abecásia, entre as décadas de 1810 e 1860, foi acompanhada por uma expulsão em massa dos abecásios muçulmanos para o Império Otomano e pela introdução de uma forte política de russificação. Como resultado, estima-se que a diáspora abecásia atualmente seja pelo menos duas vezes maior que o número de abecásios que residem na Abecásia. A maior parte da diáspora agora vive na Turquia, com estimativas variando de 100 000 a 500 000, com grupos menores na Síria (5 000 – 10 000) e Jordânia. Nos últimos anos, alguns desses migraram para o Ocidente, principalmente para Alemanha (5 000), Países Baixos, Suíça, Bélgica, França, Reino Unido, Áustria e Estados Unidos (principalmente para Nova Jérsei).[9]

 
As terras dos abecásios/abazas e seus vizinhos no início do século XIX

Após a Revolução Russa de 1917, a Abecásia fez parte da República Democrática da Geórgia, mas foi conquistada pelo Exército Vermelho em 1921 e eventualmente entrou na União Soviética como uma República Socialista Soviética associada à RSS da Geórgia. O status da Abecásia foi rebaixado em 1931, quando se tornou uma República Socialista Soviética Autônoma dentro da RSS da Geórgia. Sob Stálin, foi introduzida a coletivização forçada e a elite comunista local foi expurgada. Também foi incentivado o influxo de armênios, russos e georgianos para os crescentes setores agrícola e turístico, e as escolas abecásias foram brevemente fechadas. Em 1989, o número de abecásios era cerca de 93 000 (18% da população da república autônoma), enquanto a população georgiana era de 240 000 (45%). O número de armênios (15% de toda a população) e russos (14%) também cresceu substancialmente.[10][11]

A Guerra na Abecásia de 1992–1993, seguida pela limpeza étnica dos georgianos na Abecásia, deixou os abecásios como uma pluralidade étnica de aproximadamente 45%, com russos, armênios, georgianos, gregos e judeus compondo a maior parte do restante da população da Abecásia. O censo de 2003 estabeleceu o número total de abecásios na Abecásia em 94 606. No entanto, os números demográficos exatos da região são contestados, e há números alternativos disponíveis.[10] O presidente de fato da Abecásia, Sergey Bagapsh, sugeriu em 2005 que menos de 70 000 abecásios étnicos viviam na Abecásia.[11]

No momento do Censo de 2011, 122.175 abecásios estavam vivendo na Abecásia. Eles representavam 50,8% da população total da república.[12]

No decorrer do levantamento sírio, vários abecásios que viviam na Síria imigraram para a Abecásia. Em meados de abril de 2013, cerca de 200 sírios de descendência abecásia haviam chegado à Abecásia.[13][14] Outros 150 estavam previstos para chegar até o final de abril.[13] A liderança abecásia afirmou que continuaria a repatriação dos abecásios que vivem no exterior.[14] Em agosto de 2013, 531 abecásios haviam chegado da Síria, segundo o governo abecásio.[15]

Diáspora

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Muitos circassianos muçulmanos, abecásias e chechenos migraram para o Império Otomano após revoltas contra o domínio russo.[16] Acredita-se que a comunidade da Abecásia na Turquia seja maior do que a da própria Abecásia.[16] Estima-se que cerca de 250 aldeias da Abecásia-Abaza estejam espalhadas em toda a Turquia.[16] De acordo com Andrew Dalby, os falantes de abecásia podem ser mais de 100 000 na Turquia,[17] entanto, o censo de 1963 registrou apenas 4 700 falantes nativos e 8 000 falantes secundários.[18] Dos 15 000 abecásias étnicos na Turquia, apenas 4 000 falam a língua, o restante tendo sido assimilado pela sociedade turca.[19] Em 2006, estima-se que 600 000 a 800 000 abkhazianos por descendência viviam na Turquia.[20]

Referências

  1. Almanaque Abril, 2009, verbete "Geórgia", p. 477. Editora Abril.
  2. Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, "Os gentílicos de Ossétia e Abecásia/Abecázia", Ana Carina Prokopyshyn, 16 de outubro de 2008.
  3. WordSense Dictionary: muhajir
  4. The Caucasian Diaspora - Abkhaz and Adighes: Episodes from the past Arquivado em 30 de dezembro de 2018, no Wayback Machine.. Por Gudisa Vardania.
  5. a b c d Olson 1994, p. 6.
  6. Smith 1998, p. 55.
  7. a b George, J. (29 de janeiro de 2010). The Politics of Ethnic Separatism in Russia and Georgia. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0230613591 
  8. Smith 1998, p. 55.
  9. Chirikba 2003 pp. 6-8
  10. a b Georgians and Abkhazians. The Search for a Peace Settlement Arquivado em 28 maio 2008 no Wayback Machine (Seção de Notas e Referências), por vários autores, Vrije Universiteit Brussel, agosto de 1998.
  11. a b Bagapsh Speaks of Abkhazia's Economy, Demographic Situation. Civil Georgia. 10 October 2005
  12. «население абхазии». www.ethno-kavkaz.narod.ru 
  13. a b James Brooke (15 de abril de 2013). «Syrian Refugees Go 'Home' to Former Russian Riviera». Voice of America. Consultado em 22 de abril de 2013. Cópia arquivada em 2 de junho de 2016 
  14. a b «Over two hundred representatives of the Abkhazian diaspora in Syria want to return to their historical homeland». Abkhaz World. 2 de abril de 2013. Consultado em 22 de abril de 2013. Cópia arquivada em 26 de julho de 2013 
  15. «"Repatriates" settling in Abkhazia». The Messenger. 7 de agosto de 2013. Consultado em 31 de agosto de 2013 
  16. a b c Tracey German (8 de abril de 2016). Regional Cooperation in the South Caucasus: Good Neighbours Or Distant Relatives?. [S.l.]: Routledge. pp. 110–. ISBN 978-1-317-06913-3 
  17. Andrew Dalby (2 de outubro de 2015). Dictionary of Languages: The definitive reference to more than 400 languages. [S.l.]: Bloomsbury Publishing. pp. 1–. ISBN 978-1-4081-0214-5 
  18. Gachechiladze 2014, p. 81.
  19. Steven L. Danver (10 de março de 2015). Native Peoples of the World: An Encyclopedia of Groups, Cultures and Contemporary Issues. [S.l.]: Routledge. 259 páginas. ISBN 978-1-317-46400-6 
  20. «Turkish Abkhazians enjoying independence of their far away country» 

Fontes

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