Adjarianos
Os adjarianos, também conhecidos como adjares, adjaranos, ajares, ajarianos, ajaranos, acharianos, achares, adzares, adzarianos, aadzhares, ajareli, achareli, ach'areli, adzhareli e adzhartsy (em georgiano: აჭარლები, transl.: acarlebi; em turco: acaralılar) são um grupo étnico georgiano cujos membros vivem maioritariamente na região de Adjara, no sudoeste da Geórgia, embora também existam comunidades importantes nas províncias georgianas de Gúria, Baixa Ibéria e Caquécia, bem como em diversas áreas do nordeste da Turquia.[nt 1]
Bandeira da República Autónoma de Adjara. | |||||||||||||||
Camponeses adjarianos c.1900. | |||||||||||||||
População total | |||||||||||||||
Regiões com população significativa | |||||||||||||||
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Línguas | |||||||||||||||
Dialeto adjariano | |||||||||||||||
Religiões | |||||||||||||||
Igreja Ortodoxa Georgiana Islão (Sunismo e Hanafismo) |
Língua
editarOs adjarianos falam adjariano, um dialeto do georgiano aparentado com o que é falado na província vizinha de Gúria, mas com vários termos provenientes do turco e características comuns com as línguas zan, laz e mingreliana, ambas fortemente aparentadas com o georgiano e incluídas na família das línguas caucasianas meridionais.[nt 1]
Território
editarOs adjarianos teem a sua própria unidade territorial, a República Autónoma de Adjara, fundada em 16 de julho de 1921 como República Soviética Socialista Autónoma de Adjara.[nt 1]
Apontamento histórico
editarNo século XVI os otomanos conquistaram amplas zonas do sudoeste da Geórgia. Muitas comunidades locais converteram-se ao Islão e adotaram a língua turca, principalmente nos séculos XVII e XVIII.[nt 2][1]
Durante a guerra russo-otomana de 1877–1878, o Império Russo expandiu as suas conquistas no sul da Geórgia, iniciadas no início do século. A guerra terminou com a cedência das áreas de Artvin, Ardahan, Batumi, Kars, Oltu (na província de Erzurum) e Doğubeyazıt (na província de Ağrı) à Rússia nos tratados de Santo Estêvão e de Berlim.[nt 2][nt 3]
A Revolução Russa de 1917 e a consequente guerra civil trouxe a autonomia à Transcaucásia (Arménia, Geórgia e Azerbaijão), o que permitiu a esta região assinar um armistício diretamente com os otomanos, mas estes também negociaram com o governo bolchevique de Moscovo, que não controlavam a região. Após alguns avanços e recuos diplomáticos envolvendo várias partes (governo otomano, os aliados vencedores da Primeira Guerra Mundial que na prática controlavam o governo otomano, governo soviético e nacionalistas turcos), as fronteiras entre a União Soviética e a Turquia[a] acabaram por ser fixadas definitivamente com o Tratado de Kars, assinado naquela cidade em 23 de outubro de 1921, na qual a União Soviética reconhecia o domínio da Turquia sobre todos os territórios acima referidos conquistados pela Rússia no século XIX exceto Batumi, a capital de Adjara.[nt 2]
Religião
editarOs georgianos de Adjara eram geralmente classificados como "georgianos muçulmanos" até ao censo soviético de 1926, que os apresentou como adjarianos, separadamente do resto dos georgianos. Nesse censo foram contabilizados 71 498 adjarianos. Nos censos subsequentes (1939-1989), os adjarianos foram contabilizados juntamente com os outros georgianos, pois nenhum censo oficial soviético inquiria a religião. Na década de 1920, a resistência dos adjarianos à supressão da religião e à coletivização compulsória, fez com que muitos deles fossem deportados para a Ásia Central.[nt 1][carece de fontes]
O colapso da União Soviética e o restabelecimento da independência da Geórgia acelerou a cristianização, especialmente entre os jovens,[2] um processo alegadamente encorajado pelas autoridades governamentais. No entanto, um número significativo de adjarianos permanece muçulmano sunita. De acordo com estimativas recentes do Departamento de Estatística de Adjara, 63% dos adjarianos segue o rito da Igreja Ortodoxa Georgiana e 30% são muçulmanos.[b][nt 1][carece de fontes]
Os adjarianos da Turquia, por vezes designados como chveneburi [c] são muçulmanos.[carece de fontes]
Adjarianos famosos
editar- Tbeli Abuserisdze (1190-1240), escritor e cientista
- Memed Abashidze (1873-1941), líder político do georgianos muçulmanos
- Aslan Abashidze (1938-), antigo líder político regional
- Konstantin Meladze (1963-), compositor russo de origem adjare
- Zurab Nogaideli (1964-), primeiro-ministro da Geórgia entre 2005 e 2007
- Valery Meladze (1965-), cantor russo de origem adjare
- Nino Katamadze (1972-), cantora de jazz
- Levan Varshalomidze (1973-), líder da República autónoma de Adjara
- Sopho Khalvashi (1986-), cantora
Notas
editar- ↑ a b c d e A maior parte do texto foi inicialmente baseado no artigo «Adjarians» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
- ↑ a b c Artigo «Adchars» na Wikipédia em aragonês (acessado nesta versão).
- ↑ Artigo «Traité de San Stefano» na Wikipédia em francês (acessado nesta versão).
- [a] ^ Quando o Tratado de Kars foi assinado, a Turquia ainda não existia formalmente, pois o Império Otomano ainda não tinha sido extinto. O tratado foi assinado pelo governo da Grande Assembleia Nacional da Turquia, o órgão criado pelo Movimento Nacional Turco, que dirigia a guerra de independência turca e controlava de facto grande parte do que é atualmente a Turquia.
- [b] ^ Segundo o artigo «Acaralılar» na Wikipédia em turco (acessado nesta versão), além de sunitas, há também adjarianos que são muçulmanos hanafistas.
- [c] ^ O termo chveneburi (em turco: çveneburi) geralmente aplica-se a todos os turcos de origem georgiana, os quais por vezes são apresentados como sendo todos adjarianos.
Referências
editar- Nugzar, Mgeladze. «Adjarians». World Culture Encyclopedia (www.everyculture.com) (em inglês). Traduzido por Tuite, Kevin. Consultado em 18 de janeiro de 2011
- ↑ Sellier, Jean; Sellier, André (1997). Atlas de los pueblos de Oriente (em espanhol). Madrid: Acento Editorial. ISBN 9788448301385
- ↑ Sanikidze, George; Walker, Edward W. (2004). Islam and Islamic Practices in Georgia (em inglês). Berkeley: Berkeley Program in Soviet and Post-Soviet Studies, Berkeley Institute of Slavic, East European, and Eurasian Studies, Universidade da Califórnia