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Cerco de Antioquia (253) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cerco de Antioquia (253)

O Cerco de Antioquia de 253 ocorreu durante a segunda expedição do Sapor I (r. 240–270) contra o Império Romano. O cerco foi facilitado pela traição de Ciríades, que provavelmente já operava em nome dos persas, e a cidade foi saqueada.

Cerco de Antioquia
segunda campanha romana de Sapor I

Antioquia no período romano
Data 253
Local Antioquia
Desfecho Vitória sassânida
Beligerantes
Império Romano Guarnição romana Império Sassânida Império Sassânida
Comandantes
Império Romano Desconhecido Império Sassânida Sapor I

Antecedentes

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Desde 250/251, o Sapor I (r. 240–270) estava em operações no Império Romano. Em 252/253, aproveitou o caos que se instaurou no Império Romano nesse momento (guerra civil entre Emiliano, Treboniano, e Valeriano na Itália; espalhar da Praga de Cipriano; luta endêmica contra invasores germânicos no Reno e Danúbio, sobretudo godos e boranos).[1] Ciríades, rebelde que teria seu papel em Antioquia, provavelmente abriu caminho aos persas ao causar tumulto nas províncias orientais, tumulto esse aparentemente mencionado nos Oráculos Sibilinos.[2]

Antioquia aparece na lista de cidades presente na inscrição Feitos do Divino Sapor que alegadamente o xá atacou ao longo da sua segunda expedição contra os romanos. A historiografia foi capaz de reconstruir a expedição a partir da ordem das cidades descritas. A campanha começou na fronteira sul da Síria em Anata e seguiu pelo Eufrates rio acima. No caminho, Sapor tomou as cidades fortificadas Birta de Arupã (atual Creie), Birta de Esforacena (posterior Zenóbia), Sura e Barbalisso, todas na margem direita do rio. Em Barbalisso, derrota os 60 mil romanos, que aparentemente pertenciam apenas ao exército sírio, deixando a província sem defesas e a campanha se transforma em raide de pilhagem.[3][4] Após Barbalisso, o exército ou parte dele foi ao norte e tomou a rica cidade e templo de Hierápolis. Em seguida, o exército foi dividido em duas metades, uma sob Sapor que penetrou fundo na Síria e a outro que invadiu o norte.[5]

A porção de Sapor marchou para sudoeste, conquistou as cidades de Beroia e Cálcis e marchou ainda mais ao sul, tomando dois grandes centros militares da Síria, Apameia, e Rafaneia. A outra porção tomou Zeugma e provavelmente avançou para tão longe quanto Úrima (atual Halfeti). A expedição setentrional talvez tinha como função evitar que o exército da Mesopotâmia aparecesse na retaguarda de Sapor, permitindo ao xá atacar e capturar as cidades mais ricas e importantes da Síria. Ao passar por Gindaro (atual Jindires) e Larmenaza (atual Armenaza), atacou Selêucia Piéria e então chegou a Antioquia.[6]

Cerco e rescaldo

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Várias são as versões sobre o cerco. Segundo a História Augusta, Ciríades fugiu para junto dos persas e incitou-os a atacar os romanos, primeiro levando Odomates e então o próprio Sapor ao Império Romano. Nessa campanha, auxiliou-os na captura de Antioquia e Cesareia Mázaca e então declarou-se césar. Para João Malalas, Ciríades pertencia ao conselho de Antioquia e após ser expulso pelos cidadãos, foi à Pérsia e prometeu a Sapor que iria trair Antioquia. Sapor voltou com ele, Antioquia caiu aos persas que a saquearam, atormentaram e incendiaram; Ciríades foi decapitado por trair sua cidade natal.[7]

 
Dinar de Sapor cunhado ca. 244-252/253
 
Invasões ao império entre 253-256

Para o continuador anônimo de Dião Cássio, quando Sapor chegou diante de Antioquia com Madiares (Ciríades), acampou cerca de 20 estádios da cidade. As classes respeitáveis da cidade fugiram, mas a maioria da população permaneceu. Libânio, em sua Oração XI, afirma que quando os persas se aproximaram, os ancestrais dos antioquenos do século IV (tempo do autor) mantiveram suas posições, agarrando-se à sua pátria, mais firmemente do que os lacedemônios fazem a seus escudos. Na Oração XXIV, relata que os antioquenos foram atacados enquanto sentados no teatro por arqueiros que ocuparam o topo da montanha. Na Oração XV, afirma que nenhum templo nobre e antigo sobreviveu na cidade por influência dos persas que incendiaram tudo em seu caminho. Na Oração LX, relata que quando os persas tomaram a cidade, Sapor incendiou-a e dirigiu-se a Dafne pronto para incendiar seu templo, quando Apolo aparece diante dele e o fez mudar de ideia. Sapor então jogou longe sua tocha e prestou homenagem ao deus, na crença de que seria melhor para sua reputação preservar o templo e a beleza de sua estátua.[8]

Segundo Amiano Marcelino (XX.11.11), no décimo dia desde o começo do cerco, quando a confiança dos romanos começou a encher a cidade com alarme, foi decidido criar um enorme aríete que os persas, depois de usá-lo antes para subjugar Antioquia, trouxeram de volta e partiram para Carras. Noutra passagem (XXIII.5.3), afirma que o cerco aconteceu quando a cidade, tranquila, assistia a uma peça cômica no teatro. Afirma que a esposa do ator cômico subitamente teria dito: "Estou sonhando ou há persas aqui?". A audiência teria se virado imediatamente e então fugiu para todas as direções tentando evitar os projéteis disparados contra eles. A cidade foi incendiada e alguns cidadãos morreram, que, como é habitual em tempos de paz, andavam descuidadamente, e todos os lugares da vizinhança estavam queimados e devastados. O inimigo, carregado com pilhagem, retornou sem perda para seu próprio país depois de ter queimado Ciríades que tinha perversamente guiado os persas para a destruição de seus concidadãos.[9]

Segundo os Oráculos Sibilinos, quando os persas invadiram, Antioquia foi tomada, pilhada, privada de cidadãos (sua população tornou-se cativa) e destruída.[2] Zósimo, falando do mesmo assunto, afirma sem dar datas que os persas conquistaram a Mesopotâmia e marcharam para tão longe quando a Síria, onde capturaram e destruíram Antioquia e depois mataram muitos residentes da cidade e fizeram muitos prisioneiros. Os edifícios da cidade, públicos e privados, foram destruídos e eles retornaram à Pérsia com imenso butim. Segundo ele, tiveram boa oportunidade de tornarem-se senhores de toda Ásia, mas não o fizeram por estarem satisfeitos com seu grande espólio.[10]

Referências

  1. Rostovtzeff 1943, p. 34.
  2. a b Rostovtzeff 1943, p. 35.
  3. Frye 1993, p. 369-373.
  4. Potter 2004, p. 248-249.
  5. Rostovtzeff 1943, p. 26.
  6. Rostovtzeff 1943, p. 26-27.
  7. Dodgeon 2002, p. 45.
  8. Dodgeon 2002, p. 46.
  9. Dodgeon 2002, p. 46-47.
  10. Rostovtzeff 1943, p. 37.

Bibliografia

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  • Dodgeon, Michael H.; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part I, 226–363 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-00342-3 
  • Frye, R. N. (1993). «The Political History of Iran under the Sassanians». In: Bayne Fisher, William; Gershevitch, Ilya; Yarshater, Ehsan; Frye, R. N.; Boyle, J. A.; Jackson, Peter; Lockhart, Laurence; Avery, Peter; Hambly, Gavin; Melville, Charles. The Cambridge History of Iran. Cambrígia: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20092-X 
  • Potter, David Stone (2004). The Roman Empire at Bay AD 180–395. Londres/Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-10057-7 
  • Rostovtzeff, Michael I. (1943). «Res Gestae Divi Saporis and Dura». In: Harold Ingolt. Berytus Archeological Studies. 8. Beirute: The Museum of Archeology of The American Unversity of Beirut