Glucagon
Glucagon (português brasileiro) ou Glicagina (português europeu) (gluco, (glucose) + agon, agonista = agonista da glicose) é um hormônio (polipeptídeo) produzido no pâncreas e nas células do trato gastrointestinal. Das várias formas conhecidas, a biologicamente ativa tem 29 aminoácidos.[1]
![](https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/60/Glicemia.svg/397px-Glicemia.svg.png)
É um hormônio muito importante no metabolismo dos hidratos de carbono. O seu papel mais conhecido é aumentar a glicemia (nível de glicose no sangue), contrapondo-se aos efeitos da insulina. O glucagon atua na conversão da ATP (trifosfato de adenosina) a AMP-cíclico, composto importante na iniciação da glicogenólise, com imediata produção e libertação de glicose pelo fígado.[2]
Fisiologia (biologia)
editarProdução
editarO hormônio é sintetizado e secretado a partir das células alfa (células-
Mecanismo regulatório
editarA secreção aumentada de glucagon é causada pela [atuação] das substâncias ou sistemas:[4]
- Acetilcolina
- Aminoácidos plasmáticos aumentados (para proteger da hipoglicemia se uma refeição muito proteica for consumida).
- Catecolaminas aumentadas - norepinefrina e epinefrina
- Colecistoquinina
- Glicose plasmática diminuída
- Sistema nervoso simpático
A secreção diminuída de glucagon (inibição) é causada pelas substâncias:[4]
Função
editarO glucagon ajuda a manter os níveis de glicose no sangue ao se ligar aos receptores do glucagon nos hepatócitos (células do fígado), fazendo com que o fígado libere glicose - armazenada na forma de glicogênio - através de um processo chamado glicogenólise. Assim que estas reservas acabam, o glucagon faz com que o fígado sintetize glicose adicional através da gliconeogênese. Esta glicose é então lançada na corrente sanguínea. Estes dois mecanismos levam à liberação de glicose pelo fígado, prevenindo o desenvolvimento de uma hipoglicemia.[3][2]
- Ácidos graxos livres e cetoácidos em níveis aumentados no sangue
- Lipólise estimulada
- Proteólise estimulada
- Ureia, com produção aumentada
Em condições normais, a ingestão de glicose suprime a secreção de glucagon. Há aumento dos níveis séricos de glucagon durante o jejum.[5]
Patologia
editarNíveis muito elevados (anormais) de glucagon podem ser causados por tumores pancreáticos como o glucagonoma, cujos sintomas incluem eritema migratório necrolítico (EMN ou NME), níveis elevados de aminoácidos e hiperglicemia.[3][2]
Usos
editarUma forma injetável de glucagon é pronto-socorro essencial em vários casos de hipoglicemia severa, geralmente na dose de 1 mg. O glucagon é administrado via injeção intramuscular e rapidamente aumenta os níveis de glicose no sangue (glicemia).[6]
Notas e referências
Notas
Referências
- ↑ Campbell, Neil A.; Reece, Jane B. (2002). Biology. Internet Archive. [S.l.]: San Francisco : Benjamin Cummings
- ↑ a b c «Gene: GCG (ENSG00000115263) - Summary - Homo sapiens - Ensembl genome browser 89». may2017.archive.ensembl.org. Consultado em 26 de maio de 2022
- ↑ a b c «Glucagon Signaling Pathway». News-Medical.net (em inglês). 1 de março de 2018. Consultado em 26 de maio de 2022
- ↑ a b «Diabetes, GPCR, Islet cells | Learn Science at Scitable». www.nature.com (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2022
- ↑ Kimball, C.P.; Murlin, John R. (novembro de 1923). «AQUEOUS EXTRACTS OF PANCREAS». Journal of Biological Chemistry (1): 337–346. ISSN 0021-9258. doi:10.1016/s0021-9258(18)85474-6. Consultado em 26 de maio de 2022
- ↑ Lundqvist, Gudmar; Edwards, John; Wide, Leif (1 de junho de 1976). «A Solid Phase Radioimmunoassay for Pancreatic Glucagon». Upsala Journal of Medical Sciences (em inglês) (2): 65–69. ISSN 2000-1967. doi:10.3109/03009737609179024. Consultado em 26 de maio de 2022
- Kieffer TJ, Habener JF (2000). «The glucagon-like peptides». Endocr. Rev. 20 (6): 876–913. PMID 10605628. doi:10.1210/er.20.6.876
- Drucker DJ (2003). «Glucagon-like peptides: regulators of cell proliferation, differentiation, and apoptosis». Mol. Endocrinol. 17 (2): 161–71. PMID 12554744. doi:10.1210/me.2002-0306
- Jeppesen PB (2004). «Clinical significance of GLP-2 in short-bowel syndrome». J. Nutr. 133 (11): 3721–4. PMID 14608103
- Brubaker PL, Anini Y (2004). «Direct and indirect mechanisms regulating secretion of glucagon-like peptide-1 and glucagon-like peptide-2». Can. J. Physiol. Pharmacol. 81 (11): 1005–12. PMID 14719035. doi:10.1139/y03-107
- Baggio LL, Drucker DJ (2005). «Clinical endocrinology and metabolism. Glucagon-like peptide-1 and glucagon-like peptide-2». Best Pract. Res. Clin. Endocrinol. Metab. 18 (4): 531–54. PMID 15533774. doi:10.1016/j.beem.2004.08.001
- Holz GG, Chepurny OG (2006). «Diabetes outfoxed by GLP-1?». Sci. STKE. 2005 (268): pe2. PMC 2909599 . PMID 15671479. doi:10.1126/stke.2682005pe2
- Dunning BE, Foley JE, Ahrén B (2006). «Alpha cell function in health and disease: influence of glucagon-like peptide-1». Diabetologia. 48 (9): 1700–13. PMID 16132964. doi:10.1007/s00125-005-1878-0
- Gautier JF, Fetita S, Sobngwi E, Salaün-Martin C (2005). «Biological actions of the incretins GIP and GLP-1 and therapeutic perspectives in patients with type 2 diabetes». Diabetes Metab. 31 (3 Pt 1): 233–42. PMID 16142014. doi:10.1016/S1262-3636(07)70190-8
- De León DD, Crutchlow MF, Ham JY, Stoffers DA (2006). «Role of glucagon-like peptide-1 in the pathogenesis and treatment of diabetes mellitus». Int. J. Biochem. Cell Biol. 38 (5-6): 845–59. PMID 16202636. doi:10.1016/j.biocel.2005.07.011
- Beglinger C, Degen L (2007). «Gastrointestinal satiety signals in humans--physiologic roles for GLP-1 and PYY?». Physiol. Behav. 89 (4): 460–4. PMID 16828127. doi:10.1016/j.physbeh.2006.05.048
- Stephens JW, Bain SC (2007). «Safety and adverse effects associated with GLP-1 analogues». Expert opinion on drug safety. 6 (4): 417–22. PMID 17688385. doi:10.1517/14740338.6.4.417
- Orskov C, Bersani M, Johnsen AH; et al. (1989). «Complete sequences of glucagon-like peptide-1 from human and pig small intestine». J. Biol. Chem. 264 (22): 12826–9. PMID 2753890
- Drucker DJ, Asa S (1988). «Glucagon gene expression in vertebrate brain». J. Biol. Chem. 263 (27): 13475–8. PMID 2901414
- Novak U, Wilks A, Buell G, McEwen S (1987). «Identical mRNA for preproglucagon in pancreas and gut». Eur. J. Biochem. 164 (3): 553–8. PMID 3569278. doi:10.1111/j.1432-1033.1987.tb11162.x
- White JW, Saunders GF (1986). «Structure of the human glucagon gene». Nucleic Acids Res. 14 (12): 4719–30. PMC 311486 . PMID 3725587. doi:10.1093/nar/14.12.4719
- Schroeder WT, Lopez LC, Harper ME, Saunders GF (1984). «Localization of the human glucagon gene (GCG) to chromosome segment 2q36----37». Cytogenet. Cell Genet. 38 (1): 76–9. PMID 6546710. doi:10.1159/000132034
- Bell GI, Sanchez-Pescador R, Laybourn PJ, Najarian RC (1983). «Exon duplication and divergence in the human preproglucagon gene». Nature. 304 (5924): 368–71. PMID 6877358. doi:10.1038/304368a0
- Kärgel HJ, Dettmer R, Etzold G; et al. (1982). «Action of rat liver cathepsin L on glucagon». Acta Biol. Med. Ger. 40 (9): 1139–43. PMID 7340337
- Wayman GA, Impey S, Wu Z; et al. (1994). «Synergistic activation of the type I adenylyl cyclase by Ca2+ and Gs-coupled receptors in vivo». J. Biol. Chem. 269 (41): 25400–5. PMID 7929237
- Unson CG, Macdonald D, Merrifield RB (1993). «The role of histidine-1 in glucagon action». Arch. Biochem. Biophys. 300 (2): 747–50. PMID 8382034. doi:10.1006/abbi.1993.1103