Membrana celular
A expressão membrana celular utiliza-se com dois significados diferentes:
- Membrana plasmática, a membrana que universalmente envolve o citoplasma das células. A utilização de membrana celular não é original, mas é extraordinariamente generalizada, sobretudo nos textos de língua inglesa, nos quais frequentemente a "cell membrane" usa-se como sinónimo de "plasma membrane"[1][2][3][4][5][6][7]. Quando empregue no plural (cell membranes) faz-se referência a todas as membranas da célula.
- Parede celular, também chamada membrana de secreção, um revestimento mais ou menos resistente que cobre todas ou a maioria das células das plantas, dos fungos e dos protistas pluricelulares. Na realidade, com microscópio óptico não é possível distinguir-se a parede celular da membrana plasmática e inicialmente considerava-se como um todo, dito isto, este conjunto foi portanto a original acepção de membrana celular. Só actualmente é que este significado de membrana celular passou a ser usado.
Origem da ambiguidade
editarNa altura em que os microscópios foram aperfeiçoados no século XIX, e ao longo de século e meio (c.1800-c.1950) a investigação das células tinha por base apenas a observação por meio do microscópio óptico. Este não permite, por razões físicas relacionadas com o comprimento da onda da luz, detectar estruturas inferiores a 0,25
No início do século XX, as investigações experimentais da fisiologia celular permitira postular a existência, em todas as células, duma membrana invisível, denominada "membrana plasmática" ou citoplasmática, e que deveria ser composta essencialmente de lípidoss. Esta representavs a envoltura do protoplasma, a parte fisiologicamente ativa da célula. Com o uso do microscópio eletrónico, pôde observar-se finalmente a membrana plasmática, cuja espessura comum é de apenas 0,0075 µm (75 Å). Com o microscópio eletrónico, pode distinguir-se na célula das plantas a membrana plasmática da parede celular.
Um exemplo de uso de membrana celular com significado de parede celular é o tratado clássico de histologia vegetal de K. Esau, que na sua tradução para o castelhano da sua 3ª edição de 1976 diz o seguinte[8]:
"O termo membrana celular emprega-se correntemente na bibliografia botânica escrita em castelhano e o mesmo ocorre na bibliografia alemã e nalgumas publicacções antigas em língua inglesa; em contrapartida, nas publicações modernas escritas em inglês utiliza-se o termo parede celular, também usado em castelhano."
O parágrafo citado, traduzido aqui em português, refere-se ao idioma castelhano, mas nessa língua, assim como noutras, observa-se desde aquela época uma preferência para usar os termos mais claros "membrana plasmática" e "parede celular" em deterimento de membrana celular. Assim, noutro livro clássico publicado apenas alguns anos após a referência anterior, como é o Tratado de Botânica de Strasburger na 7ª edição em castelhano de 1986, o termo "membrana celular" já não aparece no índice alfabético de termos, mas sim membrana plasmática, parede celular, bio-membrana entre outros.[9] Em inglês, a membrana celular acabou por se tornar sinónimo de membrana plasmática.
O termo membrana plasmática deriva do termo alemão Plasmamembran cunhado no século XIX por Karl Wilhem Nägeli.
Referências
- ↑ Graeme M. Walker. Yeast Physiology and Biotechnology. Google books. Página 63. [1]
- ↑ George N. Agrios. Plant Pathology. Google books. Página 118. Citação: Nas células das plantas, devido à parede celular, apenas moléculas pequenas chegam à membrana celular. Nas células animais [...] podem chegar à membrana celular e entrar na célula grandes moléculas ou partículas. [2]
- ↑ P. K. Gupta. Cell and Molecular Biology. Ver no índice o capítulo Cell membrane (página 101). Google books. [3][ligação inativa]
- ↑ Y. Yawata. Cell Membrane. Google books
- ↑ Nicholas Sperelakis. Cell Physiology Source Book: Essentials of Membrane Biophysics. Google Books. Ver capítulo 3 (Cell membranes)[4]
- ↑ Edward Alcamo. Biology Coloring Workbook. Google books. Página 22
- ↑ Arnošt Kleinzeller. Exploring the cell membrane: conceptual developments. A History of Biochemistry. Google books. [5]
- ↑ Katherine Esau. Anatomía Vegetal. 3ª edição (1976). Omega. Página 51. ISBN 84-282-0169-2.
- ↑ Strasburger. Botânica. 7ª edição. (1986). ISBN 84-7102-990-1.