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Nancy

Comuna francesa

Nancy, ou, na sua forma portuguesa, Nanci,[2] é uma comuna francesa situada no departamento de Meurthe-et-Moselle na região de Grande Leste.

Nancy
  Comuna francesa França  
Hotel de ville
Hotel de ville
Hotel de ville
Símbolos
Brasão de armas de Nancy
Brasão de armas
Localização
Nancy está localizado em: França
Nancy
Localização de Nancy na França
Coordenadas 48° 41′ 25″ N, 6° 11′ 00″ L
País  França
Região Grande Leste
Departamento Meurthe-et-Moselle
Características geográficas
Área total 15,01 km²
População total (2018) [1] 106 330 hab.
Densidade 7 083,9 hab./km²
Código Postal 54000
Código INSEE 54395
Place Stanislas

É um centro industrial situado em uma região produtora de grande quantidade de minério de ferro. Suas indústrias produzem roupa, alimentos processados e produtos químicos.

A cidade desenvolveu-se em torno de um castelo dos duques de Lorena, que fizeram de Nancy sua capital no século XII. O Ducado da Lorena foi concedido em 1737 a Estanislau I, que estabeleceu sua corte no local e transformou a cidade em uma das mais suntuosas da Europa.

As atrações de Nancy incluem belos exemplos da arquitetura do século XVIII. Seu principal conjunto arquitetônico é formado pela Place Stanislas, ladeada por prédios desse período.

Vista panorâmica da Place Stanislas

O palácio ducal, construído no século XVI, hoje abriga um museu histórico. Na Igreja de Cordeliers, do século XV, estão as tumbas de vários dos duques de Lorena. A cidade é a sede das Universidades de Nancy I e II, fundadas em 1572.

História

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Nanciacum, antiga capital da Lorena. Pensa-se que etimologicamente Nancy provem do celta "Nant" que significa pantano, ao igual que a cidade de "Nantes" a que se atribui a mesma origem celta. Somente mais tarde este nome se transformaria em "Nanciacum" de origem galo-romano.

Imagina-se que Nancy foi fundada no século V. Porém seus progressos foram lentos, já que no século X tinha pouca importância. O primeiro testemunho escrito de Nancy data de 29 de abril de 1073 em um documento pertencente a Pibon, bispo de Toul, onde se menciona: Oldelrici advocati de Nanceio.

No ano 1131, o duque de Lorena Simon, que se achava em guerra com o arcebispo de Tréveris, foi derrotado próximo a Toul por Geoffroy de Franquemount, chefe das tropas do arcebispo, obrigando-o à buscar refugio em Nancy. Posteriormente, Geoffroy atacou a fortaleza e a sitiou. Surpreendidos, foram forçados a retirar-se. O castelo de Nancy pertencia naquela época a Drogo, filho de Herman, Senescal de Lorena sob o comando do duque de Thierry.

Aproximadamente no ano 1153, Drogo permutou o castelo de Nancy pela castellanía de Rozieres que pertencia ao duque de Lorena, com a condição de que ele e seus descendentes poderiam continuar ostentando o título de Senhores de Nancy. Nesta época a cidade dependia do conde de Champaña, que posuía feudos importantes na diocese de Toul. A princípios do século XIII, Inés, a recebeu por viuvez e transmitiu seu dominio ao duque Mateo II.

Em 1253, os habitantes de Toul, que estavam em guerra com seu bispo, compraram o apoio do duque de Lorena e exigiram que lhes fossem concedidas as cidades de Nancy e Neufchateau como garantia de sua palavra. Este concedeu em 1265 uma carta comum conhecida com o nome de Lei de Beaumont e cujas disposições eram tão populares que as cidades vizinhas obrigaram seus senhores a outorgá-las igualmente. A partir do século XII ao XV, Nancy renasce de suas cinzas dotada de ricas fortificações em pedra, não cessa de prosperar e de crescer até se converter na capital do ducado.

Em 1298, o castelo ducal termina sua plataforma, ao abrigo das perigosas enchentes do rio la Meurthe (atual rua Lafayette), para instalar-se como palácio à beira da Grand-Rue. A influência da arte da Champaña e germánica foram determinantes nas arquiteturas religiosas e civis desta época.

Até o século XV, os duques trataram sempre de manter um equilíbrio entre o reino da França e o Santo Império Românico-Germánico, garantindo a independência. O artesanato e o comércio, tão ativos na cidade, contribuem para que Nancy chegue a ser uma das praças de mercado e finanças mais importantes da Europa. Sua influência beneficia, consideravelmente, a capital do ducado. Por esta época se edificam importantes monumentos, como o colegiado de Saint-George em 1339, a porta da Craffe (segunda metade do século XV) e o barrio de Saint-Dizier.

Quando o duque Raoul fundou o colegiado de Saint-George no interior de seu palácio, ficou combinado que os duques de Lorena deveriam, ao efetuar sua primeira entrada em Nancy, se dirigir a cavalo até aquele Colegiado e prestariam o juramento de observar os privilégios da cidade e de manter a liberdade do colegiado.

A luta entre armagnacs e burguiñones sacode a Lorena, que a princípios do século XV une-se aos Barrois assegurando a categoria, incontestável de capital do ducado. Contudo, Carlos el Temerario, duque de Borgoña, sitiou Nancy em 1475. A cidade adotou uma estratégia defensiva que consistia em arrasar as cercaninhas e guarnecer as muralhas com potente artilharia. A resistência, ao final, foi inútil e a cidade se viu obrigada a abrir suas portas em 26 de novembro, um capítulo honroso que assegurou a conservação de seus privilégios e imunidades, assim como a de suas fortificações.

Ao cabo de um tempo, Carlos o Temerário, que havia prometido estabelecer um conselho pleno e construir muitos monumentos importantes, abandonou Nancy para dirigir-se a Suíça, onde sofreu as derrotas de Grandson e Morat (1476), na qual as peças dos batalhões de infantaria suíça deram conta dos valentes cavaleiros de Carlos de Borgonha, antecipando o retorno da infantaria aos campos de batalha como unidades de combate básicas.

Aproveitando o vazio do poder, o jovem René II de Lorena cercou Nancy e somente depois de uma grande resistência por parte das tropas borgoñesas, e ao não restar sobreviventes, decidiram render-se recuperando sua cidade.

Carlos o Temerário regressa rapidamente em 1477 para tentar salvar a cidade, recém conquistada e ao pé de sua muralha se deu uma sangrenta batalha na qual, as tropas borgoñesas foram derrotadas, perdendo Carlos O Temerário a vida na famosa batalha de Nancy em janeiro de 1477, sendo por este motivo que a cidade regressou ao senhorio do Duque da Lorena. O reconhecimento do duque ao esforço de sua capital se evidenciou na construção, pouco depois, da igreja franciscana de "Les Cordeliers", basílica consagrada em 1487 e que se converteria em mausoléu dos duques da Lorena. A cidade se tornou igualmente livre de impostos.

No século XVI, Nancy tomou parte em alguns distúrbios que agitaram a França e a Alemanha, e alguns fieis tentaram introduzir o protestantismo, porém foram impedidos pelos Duques de Lorena. O fim do século XVI e a primeira parte do XVII mostram um ducado lorenés soberano e independente, porém ambicionado pelo rei da França.

Nesse período as epidemias de peste sacodem a cidade. Contudo, isso não impediu que as artes florescessem na pequena capital, graças a presença de artistas de talento excepcional, como Jaques Callot, Claude Déruet, Jaques Bellange e George de la Tour.

Em 1632, Carlos IV de Lorena, deu asilo a Gastón de Orleans apesar dos protestos do rei de França Luis XIII. Como consequência, os exércitos franceses sitiaram o ducado, e por conseguinte Nancy, no ano de 1632, produzindo-se assim a primeira invasão francesa. A cidade defende-se heroicamente contra o invasor francês, porém a superioridade numérica levou a vitoria ao bando galo. O duque temendo uma derrota quase segura, acordou a retirada dos franceses mediante um tratado. Posteriormente ele se negou a cumprir as condições que havia jurado e isso ocasionou o retorno das tropas francesas a Nancy. O duque pediu novamente a paz, porém o Cardeal Richelieu exigiu que o duque abandonasse Nancy. Ainda que ele quisesse abdicar em favor de seu irmão, o cardeal não permitiria e a cidade teve que render-se em 24 de novembro de 1633. Através de um tratado posterior, Lorena foi cedida ao duque Carlos, porém continuou ocupada.

A Paz dos Pirenéus em 1660 entregou outra vez a Lorena a Carlos IV. Em 1670 o exército francês entrou em Nancy (01 de setembro) saqueando o palácio ducal e apoderando-se dos arquivos e do Tribunal de Contas. Carlos V de Lorena se esforçou para reparar a cidade submetida a tantos assédios. Levantou novos monumentos, protegeu o comércio, e deu a Nancy nova importância, gerando uma forte admiração do povo pela Casa de Lorena.

O ducado da Lorena e sua capital Nancy recuperam sua soberania e independência em 1698, através do Tratado de Ryswick. O duque Leopoldo realiza uma nova campanha de reconstrução da cidade, dotando-a de novas muralhas defensivas, uma nova igreja (Iglesia de Saint-Sebastien), uma ópera e todo tipo de hotéis de luxo. O filho de Leopoldo, François se casa com Maria Tereza de Áustria, em 1736 e intercambia com o rei da França Luis XV, o ducado da Lorena pela Toscana. Este fato provoca um grande descontentamento popular e alguns protestos contra a imposição do domínio francês. Por esta razão, Luis XV efetua um processo de transição e nomeia seu genro, o ex-rei da Poloni a exilado, Estanislao I Leszczynski, duque da Lorena.

Sem dúvida, a administração de Estanislau foi favorável, pois foram levantados novos edifícios e as portas triunfais da cidade dedicadas a Luis XV. A famosa Praça Stanislas (antiga Praça Real) data desta época, assim como as grandes transformações urbanísticas que hoje caracterizam boa parte da cidade.

Com a morte do Duque Estanislau em 1766, o ducado da Lorena e sua capital Nancy se convertem em província da França. A Universidade de Pont-à-Mousson, primeira universidade da Lorena, fundada em 1572, é transferida em 1768 para Nancy e instalada nos antigos edifícios do colégio real.

Finalmente, a cidade de Nancy se associou ao movimento geral da revolução francesa em 1789.

Nancy conhecerá um renascimento em 1871, a Alemanha se apodera de uma grande parte da Lorena e da Alsacia. A fronteira alemã se aproxima 15 km de Nancy, o que faz aumentar, consideravelmente, sua população passando a receber refugiados das províncias ocupadas. Nancy é a porta de França ante o Império alemão. Artistas, intelectuais e industriais buscam nela refugio e pouco a pouco Nancy se converterá na grande cidade industrial que é hoje em dia.

Em 1894 nasce o movimento artístico conhecido como Escola de Nancy (Ecole de Nancy). Esta nova expressão artística se reflete, principalmente, na arquitetura Art Nouveau de muitos edifícios de caráter civil, como a Câmara de Comércio, a vila Majorelle, o café Excelsior e também uma cidade jardim: o parque de Saurupt. Alguns artistas destacados deste movimento foram Émile Gallé, Jacques Majorelle, Eugène Vallin, Jacques Gruber, Jean Prouvé, Jean Daum, etc.

Em 1914 explode a Primeira Guerra Mundial e desafortunadamente Nancy é muito atingida pelos bombardeios dos zepelins alemães. A cidade recebe numerosas honras nacionais em recompensa pela atitude heroica e exemplar durante a guerra. Em 1954, depois das duas guerras mundiais, Nancy conhece um novo renascer demográfico e diversos planos de urbanização são efetuados. Assim, é criada a cidadela de Haut du Lievre, obra do arquiteto Zehrfuss, onde se construíram os dois maiores edifícios da época feitos na Europa e que abrigam 15.000 habitantes. As municipalidades situadas ao redor da cidade histórica de Nancy são reunidas em 1959 e se cria a Comunidade Urbana da Grande Nancy.

Em 1983, o conjunto arquitetônico e cultural do século XVIII a Praça Stanislas, Praça da Carriere e a velha cidade, são reconhecidos como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

 
Estanislau da Polônia

Monumentos

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Entre os monumentos mais notáveis podemos citar:

  • A Catedral: Os primeiros planos foram destinados, em 1700, a Giovanni Betto (autor da igreja de Saint-Dié e de obras solicitadas por diversas congregações religiosas) e foi o irmão do duque, François, quem colocou a primeira pedra.

De 1709 a 1715 os trabalhos foram interrompidos. Betto foi muito criticado pelo grande arquiteto francês Jules-Hardouin Mansart, que recomendou equilibrar os volumes com uma cúpula e lanterna na encruzilhada do cruzeiro. Isto não impediu que o arquiteto trabalhasse na obra até 1722, data de sua morte. Germain Boffrand acabou as obras com menos gastos (entre outras coisas, sem a cúpula). A ele devemos o desenho das torres com lanternas (1729) e o das cadeiras do coro. A catedral não deixou de ser distinguida e em 1867 ascendeu a categoria privilegiada de basílica. O acervo da catedral reúne objetos litúrgicos atribuídos a San Gauzelain, bispo de Toul: evangelho do século IX com uma encadernação do século seguinte; pente litúrgico, cálice, patena e placa de marfim do século X, cruzes esmaltadas de Limoges do século XIII; estola de San Charles-Borromée, relicário do século XVII e pesas litúrgicas de prata dos séculos XVII e XVIII.

  • Palácio Ducal: Quando René II tornou-se dono dos estados liberados de Carlos el Temerario, percebeu que e castelo de seus antepassados estava caindo em ruínas; em 1502 mandou construir um conjunto de novas vivendas alinhadas à colegiata Saint-Georges.

A concepção do futuro palácio deve-se a Jacques de Vaucouleurs que dirigiu a obra até 1522; as obras prosseguiram nos reinados do filho de René, Antoine, e não se terminaram até o reinado de Charles III. O estilo característico do Primeiro Renascimento, chamado também “Gótico de transição”, reúne aqui decorados italianos e estruturas marcadas pela Idade Média, como vemos nas balaustradas dos balcões e nas gárgulas, assim como, no pátio interior, no recurso de arcos terciários e contrafortes arrematados com pináculos góticos. Os ajimeces, os medalhões figurados do pátio, a moldura com espirais que correm ao longo da fachada sobre a rua, abaixo das varandas (bem conservadas e restauradas) são típicos do Renascimento. A Sociedade de Arqueologia instalou em 1848 um Museu no Palácio até então abandonado que já havia servido de quartel policial.

Cidade de Arte e História, Nancy surpreende pela riqueza e diversidade do seu património. Fundada na Idade Média e provida de numerosos hotéis particulares do Renascimento e de um Palácio Ducal que fazem o encanto da cidade velha, Nancy foi dotada, no século XVIII, por Estanislau I da Polônia, de um conjunto arquitetónico admirável, atualmente inscrito na lista do Património Mundial pela UNESCO. Assim nasceu a Praça Stanislas, reconhecida como uma das mais belas da Europa. O aparecimento da Arte Nova no início do século XX coloca atualmente a cidade entre as grandes capitais europeias desta corrente artística maior. Com a arquitetura, a marcenaria, o trabalho do vidro e do ferro, e a cerâmica, a natureza está presente em toda a parte, viva, esplêndida e colorida. A cidade nova, com a catedral, a igreja de Notre Dame de Bonsecours, o mercado central e os comerciantes também participam na animação permanente da Cidade Ducal. A gastronomia rica em especialidades locais (bergamota, macaron [bolinho seco de amêndoa], duchesses, amaixa mirabelle...) também contribui para a arte de viver de Nancy.

Educação

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Ver também

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  1. O clube de polo aquático ASPTT Nancy foi fundado em 1973. [3]

Referências

  1. «Populations légales 2018. Recensement de la population Régions, départements, arrondissements, cantons et communes». www.insee.fr (em francês). INSEE. 28 de dezembro de 2020. Consultado em 13 de abril de 2021 
  2. Fernandes, Ivo Xavier (1941). Topónimos e Gentílicos. I. Porto: Editora Educação Nacional, Lda. 
  3. «Perfil oficial na France Waterpolo». Consultado em 7 de fevereiro de 2019 

Ligações externas

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