Pergunta complexa
Pergunta complexa ou, em latim, plurium interrogationum (em português, 'múltiplas perguntas') é uma pergunta que traz implícita uma afirmação que, na realidade, poderia ser objeto de dúvida ou que mereceria uma pergunta anterior.[1] Assim, dois tópicos sem relação (ou de relação duvidosa) são conjugados e tratados como uma única pergunta, mediante a conversão de um desses tópicos em pressuposto. Pretende-se assim que o interlocutor aceite ou rejeite ambas quando, de facto, uma pode ser aceitável e a outra não. Trata-se, portanto, de um uso abusivo do operador "e" , resultando em uma armadilha retórica, em que uma pergunta não pode ser respondida sem que se admita o pressuposto, que pode ser falso.
Portanto, perguntas complexas podem ser, embora nem sempre sejam, falaciosas, podendo tratar-se de um caso de falácia informal.[2]
Exemplos
[editar | editar código-fonte]- Já parou de bater na sua mulher?
- Quando foi que Deus criou o Universo? A pergunta assume que 1) o Universo foi criado e 2) que Deus o fez. De fato, poderia ser decomposta em três perguntas : 1) O Universo foi criado? 2) Se foi criado, Deus o criou? 3) Sendo assim, quando foi criado?
- Deves apoiar a educação familiar e o direito, dado por Deus, de os pais educarem os filhos de acordo com as suas crenças?
- Apoias a liberdade e o direito de andar armado?
- Já deixaste de fazer vendas ilegais? Nesse caso, há duas questões: 1) Já fizeste vendas ilegais? 2) Já deixaste de fazê-las?
- Por que razão defender a liberdade, se o livre-arbítrio é uma ilusão?
Referências
- ↑ Plurium interrogationum
- ↑ Douglas Walton. «The Fallacy of Many Questions» (PDF). University of Winnipeg. Cópia arquivada (PDF) em 29 de novembro de 2006