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Ramal de Serpa

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Ramal de Serpa
Ponte do Ramal de Serpa sobre a Ribeira do Enxoé
Ponte do Ramal de Serpa sobre a Ribeira do Enxoé
Ponte do Ramal de Serpa sobre a Ribeira do Enxoé
Bitola:Bitola larga
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R. MouraBeja
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Serpa-Brinches
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R. MouraMoura
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Ponte × Enxoé
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L.ª GuadianaPias (pj. 1902, abd.)
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Serpa
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V. SerpaQuintos (pj. abd.)
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L.ª Guad.ªPomarão (pj. 1902, abd.)

O Ramal de Serpa foi uma curta linha ferroviária no sul de Portugal — planeada e construída mas nunca inaugurada.[1] Teria ligado o Ramal de Moura à vila de Serpa[1], entroncando em triângulo ferroviário. A estação terminal, nunca utilizada como tal, foi convertida mais tarde em escola primária.[1]

Vista geral de Serpa.

Em meados do Século XIX, existiam grandes problemas de comunicações em Portugal, especialmente no interior do país, onde as populações estavam dependentes de uma antiga e desadequada rede de estradas.[2] Na região do Alentejo, uma das principais rotas utilizadas pelos viajantes entre Lisboa e o Algarve era seguir de barco ao longo do Rio Guadiana até Mértola, e depois utilizar as estradas por Serpa ou Beja.[2][3]

Para tentar resolver as dificuldades nos transportes na região Sul, na década de 1850 o governo iniciou um projecto para a construção do Caminho de Ferro de Sul, que inicialmente deveria ligar apenas a capital ao Alentejo, mas que depois foi prolongado até ao Algarve.[4] Porém, a escolha do traçado não foi um processo pacífico, com duas facções no parlamento a defenderem percursos distintos além de Beja, um seguindo pelo centro do Alentejo e outro pela zona oriental, acompanhando parcialmente o percurso do Rio Guadiana.[4] Este último traçado foi defendido pelos deputados do Alentejo, especialmente Frederico de Mello, que advogavam que a linha deveria servir Serpa, Castro Verde e Almodôvar, e terminar em Mértola, sendo o resto do caminho até ao Algarve feito pela navegação fluvial ao longo Rio Guadiana.[4] Desta forma, seriam melhoradas as comunicações na região, favorecendo não só as populações e a agricultura, mas também os diversos coutos mineiros, especialmente os de Aljustrel e São Domingos, que sofriam com as dificuldades de transporte.[4] No entanto, esta proposta não foi aceite, tendo sido utilizada a directriz que fazia a linha ir directamente até ao Algarve, passando por São Bartolomeu de Messines e terminando em Faro.[5]

Posteriormente, iniciou-se a construção de um outro caminho de ferro, que tinha como objectivo inicial ligar Beja à fronteira espanhola, na direcção de Sevilha, mas que não chegou a passar da vila de Moura.[6] O primeiro troço da Linha do Sueste (futuro Ramal de Moura), de Beja até Quintos, entrou ao serviço em 2 de Novembro de 1869, enquanto que o lanço seguinte, até Serpa abriu à exploração em 14 de Abril de 1878.[6] Embora esta gare tivesse o nome de Serpa, estava situada na zona de Salsa, a cerca de 7 Km de Serpa[7], sendo insuficiente para servir a importante e populosa vila.[8] Desta forma, a população de Serpa pediu a construção de um ramal, de forma a ter uma estação dentro da vila.[8] Esta situação era muito comum em Portugal, tendo acontecido por exemplo com Portalegre, cuja estação ficava a 12 Km de distância, ou com Loulé, enquanto que Tomar, Montijo e Ramal de Montemor conseguiram ainda construir ramais próprios.[9]

Posteriormente, foi criada uma carreira de autocarros entre a estação e a vila de Serpa.[10]

Plano Geral da Rede Ferroviária ao Sul do Tejo, decretado em 27 de Novembro de 1902. Um dos projectos era a Linha do Guadiana, de Évora a Pomarão, servindo Reguengos, aproveitando o troço entre Moura e Pias do Ramal de Moura, e passando por Serpa.

Planeamento e construção

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Em 27 de Novembro de 1902, foi decretado o Plano Geral da Rede Ferroviária ao Sul do Tejo, documento que regulou os projectos que existiam para a construção de novos caminhos de ferro na zona Sul de Portugal, tendo um dos projectos classificados sido o da Linha do Guadiana, que deveria unir Évora ao Pomarão, passando por Reguengos de Monsaraz, Mourão, Moura, Serpa ou Aldeia Nova de São Bento, e pela Mina de São Domingos.[11]

Em 12 de Agosto de 1922, o Partido Liberal realizou um congresso distrital em Beja, onde se discutiram as principais reivindicações a fazer para o desenvolvimento da região, tendo uma das prioridades sido a construção de vias férreas, nomeadamente de Serpa a Mértola e ao Pomarão.[12]

Em 14 de Dezembro de 1926, teve lugar uma reunião com várias entidades públicas e privadas interessadas na construção de caminhos de ferro, tendo uma das linhas discutidas sido a do Guadiana.[13]

Ainda na Década de 1920, foi pedida a construção de uma linha férrea transversal na região do Baixo Alentejo, que servisse Barrancos, Moura, Serpa, Beja, Ferreira do Alentejo, Santiago do Cacém e Sines, que seria relativamente económica de construir, mas que traria um grande desenvolvimento à região, ao permitir o escoamento dos seus produtos.[14]

Quando se iniciaram os estudos para a revisão do Plano Geral da Rede Ferroviária, na Década de 1920, foi formada uma comissão para analisar as ligações internacionais por caminho de ferro, e para apontar várias medidas que fossem necessárias, para apresentar durante a Conferência Económica Luso - Espanhola.[15] A comissão propôs a construção de várias linhas internacionais, uma das quais ligava Beja a Sevilha por Serpa e Aracena, embora já se reconhecesse que era pouco provável que o governo espanhol construísse a linha de Sevilha à fronteira.[15]

O Plano Geral da Rede Ferroviária, publicado pelo Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930, retomou o projecto de ligar o Pomarão a Évora, através da Linha do Guadiana, que no entanto deixou de passar por Serpa, indo directamente da Pias a Vila Nova de São Bento e daí até ao Pomarão.[16] Também foi introduzido um novo projecto, com o nome de Ramal de Serpa, que devia ligar a estação de Serpa à vila, e que nessa altura já se encontrava em construção.[16]

O plano para construir a linha até ao Pomarão acabou por ser cancelado, uma vez que foi considerado prejudicial, do ponto de vista militar.[17] Mas o lanço até Serpa ainda chegou a ser parcialmente construído, tendo a Gazeta dos Caminhos de Ferro n.º 1089, de 1 de Maio de 1933, noticiado que as obras estavam muito adiantadas.[18]

Variante projectada no Ramal de Moura

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Em 1934, na primeira sessão do Conselho Superior de Obras Públicas, discutiu-se a ideia de modificar o traçado da Linha do Sueste, entre as estações de Quintos e Serpa - Brinches, de forma a servir melhor a vila de Serpa.[19] A Gazeta dos Caminhos de Ferro de 16 de Março de 1940 noticiou que já tinham sido concluídos os estudos para esta variante, prevendo-se que a linha via saísse da estação de Quintos, atravessasse o Rio Guadiana numa nova ponte, orçamentada em 6 000 contos, e passasse junto à vila de Serpa, voltando depois ao antigo traçado para Moura.[17] Este projecto aproveitava as terraplanagens já construídas no ramal para Serpa.[8]

A construção deste troço foi defendida pelo engenheiro Mira Galvão num discurso durante a sessão de 17 de Abril de 1948 da Assembleia Nacional, onde referiu que as terraplanagens no troço de sete quilómetros entre a estação de Serpa e a vila já tinham sido concluídas há muitos anos, mas que se estavam a deteriorar por falta de uso.[7]


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Referências

  1. a b c Manuel Margarido TÃO: “150 Anos de Material Motor Francês em Portugal” O Foguete 17 (2007.01-03): p. 23-24.
  2. a b SANTOS, 1995:47
  3. GUITA, 2005:17
  4. a b c d SANTOS, p. 121
  5. SANTOS, 1995:122-123
  6. a b TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1683). p. 75-78. Consultado em 4 de Março de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  7. a b «Problemas ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1449). 1 de Maio de 1948. p. 296. Consultado em 12 de Janeiro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  8. a b c MAIO, Guerra (1 de Fevereiro de 1952). «A linha de Fátima e a rede alentejana» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 64 (1539). p. 473-474. Consultado em 12 de Janeiro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  9. GALO, Jaime Jacinto (16 de Julho de 1948). «A Rêde Ferroviária de Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1454). p. 380-382. Consultado em 29 de Setembro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  10. GUERREIRO, 1983:186
  11. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (359). 1 de Dezembro de 1902. pp. 357–361. Consultado em 4 de Março de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  12. PIÇARRA e MATEUS, 2010:26
  13. «Arrendamento das linhas do Estado» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (936). 16 de Dezembro de 1926. p. 373. Consultado em 4 de Março de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  14. PIÇARRA e MATEUS, 2010:49
  15. a b SOUSA, José Fernando de (1 de Maio de 1928). «A Rêde Ferroviaria de Portugal: Historia da sua constituição» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 41 (969). p. 129-131. Consultado em 30 de Setembro de 2017. Arquivado do Periódicas/GAZETA CAMINHOS FERRO 1928.pdf original Verifique valor |url= (ajuda) (PDF) em 27 de Setembro de 2015 – via Biblioteca Municipal de Castelo Branco 
  16. a b PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Publicado no Diário do Governo n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
  17. a b «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1254). 16 de Março de 1940. p. 186. Consultado em 15 de Outubro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  18. SOUSA, José Fernando de (1 de Maio de 1933). «A Coordenação dos Meios de Transporte: Apreciação de um Parecer» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1089). p. 259-261. Consultado em 15 de Outubro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  19. «Obras Públicas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1111). 1 de Abril de 1934. p. 187. Consultado em 15 de Outubro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  • GUERREIRO, Aníbal C. (1983). História da Camionagem Algarvia (de passageiros) 1925-1975 (da origem à nacionalização). Vila Real de Santo António: Edição do autor. 233 páginas 
  • GUITA, José Matos (2005). Uma Família Algarvia: Quadros de um viver antigo 1.ª ed. Vila Nova de Gaia: Editora Ausência. 149 páginas. ISBN 9789895532100 
  • PIÇARRA, Constantino; MATEUS, Rui (2010). Beja: Roteiros Republicanos. Col: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi - Edição e Conteúdos, S. A. e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 128 páginas. ISBN 978-989-554-720-3 
  • SANTOS, Luís Filipe Rosa (1995). Os Acessos a Faro e aos Concelhos Limítrofes na Segunda Metade do Séc. XIX. Faro: Câmara Municipal de Faro. 213 páginas 



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