Estação Ferroviária de Entrecampos
A estação ferroviária de Entrecampos, originalmente conhecida como de Entre-Campos,[4] é uma gare ferroviária de passageiros em Lisboa, gerida pela Infraestruturas de Portugal, S.A. e servida por comboios da C.P. e da Fertagus, com ligação mecânica subterrânea ao Metropolitano de Lisboa, na Linha Amarela (Estação Entre Campos), e uma dezena de carreiras da Carris. Anexa a esta estação, encontra-se o terminal de Entrecampos Poente, sem serviço comercial.
Entrecampos | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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a estação de Entrecampos em 2012 | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Identificação: | 66050 ETC (Entrecampos)[1] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Denominação: | Estação Satélite de Entrecampos | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Classificação: | ES (estação satélite)[1] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Tipologia: | A [3] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Linha(s): | Linha de Cintura (PK 5+930) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Altitude: | 90 m (a.n.m) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Coordenadas: | 38°44′40.44″N × 9°8′55.2″W (=+38.74457;−9.14867) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Município: | Lisboa | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Serviços: | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Coroa: | Coroa L Navegante | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Conexões: |
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Equipamentos: | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Website: |
Descrição
editarLocalização e acessos
editarA estação de Entrecampos está construída num viaduto sobre as avenidas da República e Cinco de Outubro, e a entrada principal faz-se pelas Rua Dr. Eduardo Neves (a sul) e Rua Cordeiro de Sousa (a norte), ruas paralelas entre si e transversais entre àquelas duas avenidas de Lisboa; é um local central da cidade, sendo esta a estação ferroviária mais próxima do centro geográfico do município.[5]
Infraestrutura
editarDesde[quando?] pelo menos Janeiro de 2017, esta interface apresenta quatro vias de circulação, com 320 a 325 m de comprimento útil, 310 m de plataformas com uma altura de 90 cm.[6][3]
Situa-se junto a esta interface, ao PK 6+200, a zona neutra de Entrecampos que isola os troços da rede alimentados respetivamente pelas subestações de tração de Vila Franca de Xira e de Amadora.[3]
Arquitetura
editarA gare intermodal de Entrecampos é um projeto arquitetónico de Carlos Roxo com intervenções plásticas de José Santa-Bárbara e de Luís Ralha.[7] A sua concepção foi condicionada pelo facto do edifício se situar num viaduto sobre uma das mais importantes artérias da cidade de Lisboa, o que lhe aumentava a visibilidade e a importância no contexto urbano.[8] Assim, decidiu-se que a estação deveria ser construída como um objecto urbano, que serviria de exemplo da integração de várias artes plásticas.[8] O interior do edifício está dividido em três partes, a primeira situada ao nível do solo e que serve de acesso, a segunda em mezanino, que é utilizada para distribuição, e a terceira, onde se situa a gare ferroviária, com as plataformas.[8] O piso térreo e o mezanino, devido à sua importância como os locais de acesso entre a estação e o resto da cidade, foram construídos com paredes de vidro, de forma a se poder ver o movimento das pessoas, que constitui também parte da composição arquitectural.[8] Quanto ao nível da gare, este foi concebido de forma a dar um ambiente industrial, através do uso predominante do aço como material.[8]
Serviços
editarEm 2012 Entrecampos era a mais movimentada de todas as estações ferroviárias portuguesas, com 405 circulações (no total dos dois sentidos) em cada dia útil, apenas com mais quatro circulações diárias que Sete Rios, a estação seguinte da Linha de Cintura no sentido poente. O grosso deste movimento é constituido pelos comboios suburbanos da região de Lisboa, mas a estação é igualmente servida por alguns comboios nacionais, incluindo todos os que ligam Lisboa ao sul de Portugal. Em 2012 paravam na Estação de Entrecampos as seguintes circulações:[carece de fontes]
- Alfa Pendular Porto-Faro-Porto, quatro circulações diárias;
- Intercidades Lisboa-Faro, seis circulações diárias;
- Intercidades Lisboa-Évora/Beja, oito circulações por dia útil;
- InterRegional e Regional da linha do Oeste, onze circulações por dia útil
- Urbanos da operadora estatal CP Lisboa dos eixos de Sintra e Azambuja, 228 circulações por dia útil;
- Urbanos da operadora privada Fertagus Roma Areeiro - Setúbal, 148 circulações por dia útil.
História
editarA estação de Entrecampos situa-se no troço da Linha de Cintura entre Benfica e Santa Apolónia, que entrou ao serviço no dia 20 de Maio de 1888, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[9]
Em 1 de Janeiro de 1925, noticiou-se que já tinham sido concluídas as obras no (então ainda) apeadeiro[4] de Entrecampos, melhorando as suas condições de serviço.[10]
Em 1932, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses estava a planear a construção de uma estação em Entrecampos, perto do apeadeiro, de forma a substituir a Gare do Rossio,[11] projeto que não chegaria a concretizar-se.[carece de fontes]
Na primeira metade do século XX, havia sido instalada uma marquise sobre a gare dos passageiros.[12]
Em 4 de Outubro de 1948, foi organizada uma viagem experimental entre as estações de Entrecampos e Vila Nova de Gaia, de forma a testar uma das novas locomotivas a gasóleo que tinham sido encomendadas pela C. P..[13] O comboio era formado pela locomotiva 101 e várias carruagens, e demorou cerca de quatro horas no percurso.[13]
Em 13 de Julho de 1949, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou o projecto para o Viaduto de Entrecampos, contíguo à estação, a poente, que atravessaria a Avenida da República;[14] até então interrompida no seu traçado pelo atravessamento da a via férrea em aterro elevado, transponível por aberturas tipo túnel e com o cimo acessível por rampas,[15] procedendo-se ao desmonte do aterro e finalmente ao establecimento da avenida e à reposição das linhas do elétrico (até ao Lumiar via Campo Grande).[16]
Em 25 de Outubro de 1949, foi organizado um comboio especial de Queluz ao Luso, para transportar o General Franco numa visita a Portugal; na viagem de regresso a Lisboa, os ministros do Interior e das Comunicações desceram no apeadeiro de Entrecampos.[17] Em 15 de Janeiro de 1953, chegou a Entrecampos uma nova automotora a gasóleo para a C.P., que se deslocou já pelos próprios meios desde a fronteira.[18]
Em 1958 foi inaugurado o túnel do Metropolitano de Lisboa entre Campo Pequeno e Entre Campos, cuja escavação havia sido realizada sob o viaduto da Linha de Cintura, contígua a Entrecampos, ficando a localização destas duas estações de metropolitano sensivelmente equidistante à interface ferroviária.[19]
Nominalmente adstrito a esta estação, existiu[quando?] até meados do século XX o ramal particular Entrecampos-Estrela, inserido no troço da via que a liga ao Areeiro, no enfiamento do sentido descendente (lado sul da via), ao PK 6+062;[20] em 2011 estava já encerrado.[1]
Em 1971 o novo Viaduto de Entrecampos foi inaugurado, contendo o seu tabuleiro as plataformas da renovada estação; foi construído ligeiramente a norte do viaduto que iria substituír, igualmente entre a passagem de nível da Rua de Entrecampos e o Hospital do Rego, permitindo que se mentivesse a ferroviária circulação durante as obras.[carece de fontes] O primeiro viaduto foi finalmente demolido em 1973, mantendo-se, em desuso, a sua amarração poente, junto à Avenida 5 de Outubro — reutilizado na década de 1990 para a efémera estação terminal da 5 de Outubro.[carece de fontes]
Até ao final do século XX, o apeadeiro de Entrecampos era visto como uma interface menor no âmbito da rede ferroviária da Grande Lisboa,[21][22] com muitas das funções que adquiriria mais tarde então ainda concentradas na estação do Rego.[23]
Em finais de 1992, iniciou-se o concurso público de pré-qualificação para o Eixo Ferroviário Norte-Sul, projecto que tinha como objectivo desenvolver e ligar as redes de caminhos de ferro suburbanas de Lisboa nas duas margens do Tejo, de forma a permitir a circulação dos comboios de longo curso e suburbanos entre as duas margens.[24] Este projecto incluiu a construção e modernização de vários troços, edificação e ampliação de estações, e a instalação das vias férreas na Ponte 25 de Abril.[24] No caso da Linha de Cintura, devia ser quadruplicada a via férrea já existente, e construídos novos edifícios em várias estações, incluindo Entrecampos, que ficaria ligada ao Metropolitano de Lisboa.[24] Em 1993, entrou ao serviço a interface entre os comboios da CP e o Metropolitano de Lisboa em Entrecampos,[25] construída pelo Gabinete do Nó Ferroviário de Lisboa e pela Rede Ferroviária Nacional, para servir os comboios da C.P. e da Fertagus.[26] Em Julho de 1999, a estação de Entrecampos passou a ser servida pelos comboios da Fertagus.[27]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ a b Horário de 1933 da Linha do Norte, onde esta gare surge com a categoria de apeadeiro, e o nome de Entre-Campos
- ↑ «Cálculo de distância pedonal (38,74456; −9,14854 → 38,74358; −9,15996)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 4 de setembro de 2023: 1440 m: desnível acumulado de +31−11 m
- ↑ «Directório da Rede 2012». Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. 80 páginas
- ↑ Fertagus. «Entrecampos». Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ a b c d e LAND et al, p. 306
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 31 de Março de 2017
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1235). 1 de Junho de 1939. p. 281-284. Consultado em 5 de Setembro de 2018
- ↑ MARTINS, Rocha (1 de Novembro de 1932). «Como nasceu a Estação do Rossio» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1077). p. 513-514. Consultado em 31 de Março de 2017
- ↑ NUNES, José de Sousa (16 de Junho de 1949). «A Via e Obras nos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1476). p. 418-422. Consultado em 5 de Setembro de 2018
- ↑ a b «A primeira locomotiva eléctrica da C. P. já fez, com grande êxito, duas viagens experimentais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 60 (1460). 16 de Outubro de 1948. p. 550-551. Consultado em 5 de Setembro de 2018
- ↑ MARTINS et al, 1996:263
- ↑ Norberto de Araújo: Peregrinações em Lisboa XIV: 63-64
- ↑ Luís Cruz-Filipe: Do Dafundo ao Poço do Bispo. (autor): 2016
- ↑ «Figuras Ferroviárias: Engenheiro José de Sousa Nunes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1639). 1 de Abril de 1956. p. 179. Consultado em 20 de Dezembro de 2016
- ↑ «Novo material para a C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 65 (1562): 454. 16 de Janeiro de 1953. Consultado em 5 de Setembro de 2018
- ↑ Distância loxodrómica entre +38,74483; −9,14756 e +38,74705; −9,14822 = 253 m e entre +38,74483; −9,14756 e +38,74112; −9,14681 = 422 m
- ↑ “Sinalização do ramal particular «Entrecampos-Estrela»” («Diagrama do Fascículo Anexo n.º 163-105 à I.G. n.º 29»)
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ “Sinalização da estação de Lisboa (Rego)” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1975 (incluindo o apeadeiro de Entrecampos)
- ↑ a b c MARTINS et al, 1996:216-127
- ↑ REIS et al, 2006:150
- ↑ REIS et al, 2006:229
- ↑ «Estação de Entrecampos». Fertagus. Consultado em 31 de Março de 2017. Arquivado do original em 31 de março de 2017
Bibliografia
editar- LAND, Carsten; HUCKING, Klaus; TRIGUEIROS, Luiz (2005). Arquitectura em Lisboa e Sul de Portugal desde 1974. Lisboa: Editorial Blau. 179 páginas. ISBN 972-8311-17-6
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Leitura recomendada
editar- ANTUNES, J. A. Aranha; et al. (2010). 1910-2010: o caminho de ferro em Portugal. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e REFER - Rede Ferroviária Nacional. 233 páginas. ISBN 978-989-97035-0-6
- CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4
- SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas