Goturcos
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Os goturcos[2] gokturcos[3] göktürks, köktürks ou kök türks, foram uma confederação de nómadas da Ásia Central que, sob a liderança do grão-cã Bumim formaram o chamado Canato Túrquico ou Canato Goturco, o qual sucedeu ao Canato Rourano como principal potência na região e ganhou o controlo do lucrativo comércio da Rota da Seda a partir de 552.
Canato Goturco Canato Túrquico • Goturcos Império | |||||||||
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Mapa do canato dos goturcos em 551-572
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Região | Ásia Central | ||||||||
Capital | Ötüken | ||||||||
Língua oficial | soguediano [✡] turco antigo ✡ | ||||||||
Religião | tengriismo | ||||||||
Forma de governo | Canato | ||||||||
Cã ou grão-cã | |||||||||
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Período histórico | Idade Média | ||||||||
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Área | |||||||||
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O nome dado à confederação tem ainda mais variantes. Em turco antigo eram chamados (türük), (kök türük)[4][5] ou (türük, turcos celestiais ou turcos azuis).[6][7] Nas fontes chinesas aparecem como 突厥, que tem várias transliterações: tujué (Pinyin), t'u-chüeh (Wade-Giles) ou dʰuət-kĭwɐt (chinês medieval).
Os goturcos tornaram-se os líderes dos diversos povos das estepes da Ásia Central depois de se rebelarem contra o Canato Rourano. Sob o seu governo, o Canato Túrquico expandiu-se rapidamente, estendendo o seu domínio sobre um imenso território, unindo as tribos nómadas turcomanas num império que durou de 552 até 745 e que colapsou devido a uma série de conflitos dinásticos.[carece de fontes]
Etimologia
editarDe acordo com as fontes chinesas, o significado do termo que os chineses usavam para designar os turcos (tujué) era "capacete de combate" (
Em mongol, duulg (дуулга), também pronunciado durk em alguns dialetos, significa igualmente capacete de combate. O plural em mongol seria duulgud, que muitos entendem como sendo o mesmo que turkut, o nome que os goturcos davam a si próprios, que significa "turcos". Pelo mesmo motivo, há teorias que defendem que a palavra turk ou dulg (tolga; [capacete] em turco) era o termo usado para designar capacete de combate, o qual foi aplicado ao clã Achina, vassalo do Canato Rourano mongol.
A afirmação comum de que goturcos significa "turcos celestiais" é consistente com o "culto do governo ordenado divinamente (celestialmente)", o qual era um elemento crucial da cultura política altaica antes de ter sido importado para a China.{{sfn|Wink|p=64} De igual modo, o nome do clã de Achina possivelmente deriva do termo usado pelos sacas de Hotan para "azul intenso" (āššɪna).[11] O nome pode também ter derivado duma tribo tungúsica aparentada com os Aisin Gioro.[12]
Origens
editarOs governantes goturcos descendiam do clã de Achina, uma tribo de origens obscuras que vivia no canto norte da Ásia Interior.
De acordo com o Livro de Zhou[10] e a História das Dinastias do Norte,[9] os Achina eram um ramo dos Xiongnu, enquanto segundo o Livro de Sui[8] e o Tongdian[13] eram "uma mistura de Hu" (
Primeiro canato
editarA subida ao poder dos goturcos começou em 546, quando Bumim lançou o que atualmente se chamaria um ataque preventivo contra as tribos uigures e tiele, que planeavam uma revolta contra os seus senhores supremos, os rouranos. Bumim esperava ser recompensado por esse ataque com o casamento com uma princesa rourana. No entanto, o grão-cã Anagui enviou um emissário a repreendê-lo dizendo — «Tu és o meu escravo ferreiro. Como te atreves a pronunciar essas palavras?». Como o comentário de Anagui sobre o "escravo ferreiro" (
Frustradas as suas expetativas, Bumim aliou-se com Wei do Norte contra o Canato Rourano. Entre 11 de fevereiro e 10 de março de 552, Bumim derrotou o cã rourano Iujiulu Anagui a norte de Huaihuang (atualmente Zhangjiakou, na província de Hebei, uma das seis cidades da fronteira).[9]
Tendo tido sucesso na guerra e na diplomacia, Bumim proclamou-se a si próprio Iligue (illig, título que se traduziria como grão-cã, rei de reis) do novo Canato em Ötüken, mas morreu um ano depois. O seu filho Mugan derrotou os heftalitas (
A política de expansão para ocidente de Sizábulo levou os goturcos até à Europa de leste.[carece de fontes] Em 576 os goturcos atravessaram o Bósforo Cimério e penetraram na Crimeia. Cinco anos depois cercaram Quersoneso Táurica. A cavalaria goturca errou pela Crimeia até 590. As fronteiras a sul foram traçadas a sul do Rio Amu Dária, o que provocou um conflito com os antigos aliados sassânidas. Grande parte da Báctria, incluindo Bactro, permaneceu na dependência dos Achina até ao fim do século VI.[28]
Guerra civil (c. 584-603)
editarO primeiro Canato Goturco dividiu-se em dois após a morte do quarto cã (ou grão-cã), Taspar Cã, cerca de 584. O testamento de Taspar determinava que o título de cã fosse dado a ao filho de Mugan, Aina Daluobiã (Apa grão-cã), mas o alto conselho nomeou Isbara Cã. Formaram-se fações em volta dos dois líderes que disputavam o título. O conflito entre as duas facções foi instigado com sucesso pelas dinastias chinesas Sui e Tang.[carece de fontes]
O beligerante mais aguerrido foi o do yabgu do ocidente Tardu, filho de Sizábulo, um homem violento e ambicioso que entretanto já se tinha declarado independente após a morte do seu pai. Auto-intitulando-se cã, Tardu liderou um exército e marchou para leste para reclamar a capital imperial, Ötüken.[carece de fontes]
Para fortificar a sua posição, Ishbara, do canato oriental, pediu proteção ao imperador chinês Yangdi. Tardu atacou Changan, a capital Sui, a atual Xian, cerca do ano 600, exigindo a Yangdi que deixasse de interferir na guerra civil. Em retaliação, a diplomacia chinesa incitou uma revolta dos tiele, vassalos de Tardu, a qual conduziu ao fim do reino de Tardu em 603. Entre as tribos dissidentes encontravam-se os uigures e os Syr-Tardush (ou Xueyantuo ou Se-Yanto).[carece de fontes]
Primeiro Canato Túrquico Oriental (603-630)
editarA guerra civil deixou o império dividido nas partes ocidental e oriental. Esta última continuou a ser governada a partir de Ötüken, na órbita do Império Sui, e manteve o nome Goturco. Os cãs Xibi (609-619) e Iligue (620-630) atacaram a China no período em que esta esteve mais enfraquecida, durante a transição entre as disnastias Sui e Tang. A 11 de setembro de 615, o exército de Chibi cercou o imperador Sui Yangdi em Yanmen, no que é atualmente o Xian de Dai, província de Shanxi.[29][30]
Em 626, Iligue Cã aproveita o Incidente na Porta Xuanwu e marchou sobre Changan. A 23 de setembro desse ano,[31] Iligue e os seus cavaleiros com armaduras chegam às margens do Rio Wei, a norte da ponte de Bian, onde se situa atualmente Xianyang.[32] Dois dias depois, Li Shimin (o imperador Taizong da dinastia Tang) forma uma aliança com Illih, matando um cavalo branco na ponte Bian. Os Tang pagaram compensações e prometeram mais tributos em troca da retirada da cavalaria de Iligue Cã. O acordo ficou conhecido como "Aliança do Rio Wei" (渭水
Antes de meados de outubro de 627, grandes nevões na estepe mongol cobriram os terrenos de neve com mais de um metro de altura, impossibilitando que o gado dos nómadas se alimentasse e causando grande mortandade entre os animais.[34] De acordo com o Novo Livro dos Tang, em 628 Taizong contou que «Houve gelo em pleno verão. O sol nasceu no mesmo sítio durante cinco dias. O campo ficou cheio de atmosfera vermelha (tempestade de poeira).»[35]
Iligue Cã foi derrubado do poder por uma revolta das tribos Tiele suas vassalas (626-630), as quais se aliaram ao imperador Taizong. Esta aliança tribal aparece nos anais chineses como sendo os Huihe (uigures).[carece de fontes]
A 27 março de 630,[36] um exército Tang comandado pelo general Li Jing derrota as tropas do Canato Túrquico Oriental comandadas por Iligue Cã na batalha de Yinshan (
Canato Túrquico Ocidental
editarO cã ocidental Shekuei e Tong Yabghu formaram uma aliança com o Império Bizantino contra os persas sassânidas e conseguiram repor as fronteiras do sul, ao longo dos rios Tarim e Oxo (Amu Dária). A sua capital era Suyab, no vale do rio Chu, a cerca de 6 km a sudeste da moderna Tokmok. Em 627, Tong Yabghu, apoiado pelos cazares e pelo imperador bizantino Heráclio, lançou uma invasão massiva à Transcaucásia, que culminou na conquista de Derbente e Tiblíssi, um conflito que ficou conhecido como a "terceira guerra perso-túrquica".
Em abril de 630, Böri Shad, um alto comandante (şad) de Tung, enviou a cavalaria goturca para invadir a Arménia bizantina, onde o seu general Chorpam Tarcã infligiu uma pesada derrota às forças persas, que se retiraram atabalhoadamente. O assassinato de Tong Yabghu em 630 forçou os goturcos a retirar da Transcaucásia.[carece de fontes]
Isbara Cã (Asina Helu), que reinou de 634 a 639, levou a cabo uma reforma administrativa que modernizou o Canato Túrquico Ocidental, que passou a ser conhecido como Onoq. O nome refere-se às dez "flechas" que foram concedidas aos cinco chefes (shads) das duas confederações tribais que constituíam os territórios do canato, dos clãs Dulo e Nuchibi, cujas terras eram divididas pelo rio Chu.[41] O termo "flecha" era o nome de uma divisão das tribos túrquicas.[a]
A divisão estimulou as tendências separatistas e não tardou que as tribos búlgaras sob o comando do chefe tribal Cubrato se separassem do canato. Em 657, a parte oriental do canato foi invadida pelo general Tang Su Ding Fang. Na mesma altura em que se formou na parte central o canato independente da Cazária, liderado por um ramo da dinastia Achina. O imperador Tangue Taizongue foi proclamado grão-cã (cã) dos goturcos.[carece de fontes]
Em 659 o imperador da China podia afirmar que governava toda a Rota da Seda até Po-sse (em chinês:
Os turcos orientais sob o sistema Jimi
editarEm 19 de maio de 639,[42] Achina Jiesesuai e os homens da sua tribo atacaram Taizong no Palácio Jiucheng (
Em 679, Achide Uenfu e Achide Fengzi, líderes túrquicos no protetorado de Shanyu (
Segundo Canato Túrquico Oriental (682-744)
editarApesar dos reveses, Achina Cutlugue (Ilteris Cã) e o seu irmão Capagã lograram restabelecer o canato. Em 681, eles revoltaram-e contra o domínio do Império Tang e ao longo das décadas seguintes tomaram o controlo firme das estepes exteriores à Grande Muralha da China. Em 705, tinham-se expandido a sul até Samarcanda e ameaçaram o domínio árabe sobre a Transoxiana. Os goturcos enfrentaram os Califado Omíada numa série de batalhas em 712 e 713, mas os últimos acabaram vencedores.[carece de fontes]
De acordo com a tradição Achina,[carece de fontes] o poder do Segundo Canato Oriental estava centrado em Ötüken, nas áreas mais a montante do vale de Orcom.[47][48][49] Este estado foi descrito pelos historiadores como uma iniciativa conjunta do clã de Achina e dos soguedianos, em que também estiveram envolvidos muitos burocratas chineses.[50]
O filho de Ilteris, Bilgue, foi igualmente um líder forte, cujos feitos foram registados nas inscrições de Orcom. Depois da sua morte em 734, o Segundo Canato Túrquico Oriental entrou em declínio. Os goturcos acabaram por ser vítimas de uma série de crises e de novas campanhas militares chinesas.[carece de fontes]
Quando o líder uigure Cul Bilgue se aliou com os carlucos e com os basmil, o poder dos goturcos já estava em grande declínio. Em 744, Cutlugue cercou Ötüken e decapitou o último cã goturco, Ozmis Cã, cuja cabeça foi enviada para a corte chinesa dos Tang.[51] No espaço de poucos anos, os uigures ganharam a supremacia na Ásia Interior e estabeleceram o Grão-Canato Uigur.
Cultura e religião
editarOs grão-cãs goturcos temporários do clã de Achina estavam subordinados a uma autoridade soberana que estava nas mãos de um conselho de chefes tribais.[carece de fontes]
Peter Benjamin Golden aponta para a possibilidade dos líderes do Império Goturco, os Achina, serem originalmente um clã indo-europeu, possivelmente iranianos, que posteriormente adotaram o túrquico, mas herdaram os seus títulos originais indo-europeus.[52] O turcologista Wolfgang-Ekkehard Scharlipp escreveu que uma quantidade notável de títulos túrquicos primitivos têm origem no iraniano.[b]
Os goturcos foram o primeiro povo túrquico conhecido a escrever a sua própria língua usando uma escrita rúnica (ver Alfabeto de Orcom). As histórias das vidas de Cul Tiguim e Cul Bilgue Cã e do chanceler Toniucuque foram registados nas inscrições de Orcom.
- Religião
O canato recebeu missionários budistas, cujos ensinamentos foram incorporados no tengriismo. Mais tarde, a maior parte dos turcos que se estabeleceram na Ásia Central, Médio Oriente e África adotaram a fé islâmica.[carece de fontes]
Notas
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Göktürks», especificamente desta versão.
- ↑ Trecho baseado no artigo «Western Turkic Khaganate» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
- ↑ «[…] Über die Ethnogenese dieses Stammes ist viel gerätselt worden. Auffallend ist, dass viele zentrale Begriffe iranischen Ursprungs sind. Dies betrifft fast alle Titel […]. Einige Gelehrte wollen auch die Eigenbezeichnung türk auf einen iranischen Ursprung zurückführen und ihn mit dem Wort „Turan“, der persischen Bezeichnung für das Land jeneseits des Oxus, in Verbindung bringen.»[53]
Tradução livre: A Etnogénese desta tem causado muita perplexidade. O que é surpreendente é que muitos termos centrais são de origem iraniana. Isso afeta quase todos os títulos […]. Alguns estudiosos também querem atribuir o nome próprio "turco" a uma origem iraniana e ligá-lo à palavra "turan", o nome persa para o país do outro lado do Oxo.
Referências
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Ligações externas
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- «Göktürks» (em inglês). Facebook/Mehmet Bozacı. Consultado em 19 de janeiro de 2011
- «Turkish States before Ottoman State/Empire» (em inglês). Abaza's Imports. Consultado em 19 de janeiro de 2011
- «Gokturks» (em inglês). SelfGuidedTurkey.com. Consultado em 19 de janeiro de 2011
- Inscrições de Orcom